21 de março: Dia internacional da Síndrome de Down

Chama-se Síndrome de Down a condição clínica caracterizada por dificuldades de aprendizado, atraso no desenvolvimento psicomotor e determinadas alterações físicas, tais como:

– prega palpebral;
– prega palmar única;
– diminuição no tamanho da boca e orofaringe;
– atraso no crescimento;
– articulações super elásticas;
– membros curtos;
– mãos e dedos pequenos.

Esta condição clínica recebeu este nome por ter sido descrita pela primeira vez em 1862 pelo médico inglês Jonh Langdon Down. Em 1958, o médico francês Jèrôme Lejeune descobriu a alteração cromossômica presente na maioria dos portadores da síndrome: a presença de um cromossomo 21 a mais. Trata-se do distúrbio de origem genética mais comum, estimando-se que a cada 1000 nascimentos, uma das crianças apresentará o quadro descrito.

O tratamento dessas crianças baseia-se principalmente na educação planejada especificamente para crianças com dificuldades de aprendizagem. O que inclui, além de procedimentos pedagógicos específicos, um ambiente protegido, no qual a criança aprenderá não somente a lidar com suas dificuldades, mas também a reconhecer suas potencialidades e a utilizá-las.

É frequente no trabalho com as crianças com atraso no desenvolvimento cognitivo que médicos, professores e pais foquem sua atenção nas deficiências encontradas, esquecendo-se de que essas crianças também apresentam potencialidades que, se reconhecidas e exploradas, serão fundamentais no que chamamos visão inclusiva.

Chamamos de visão inclusiva toda a metodologia de trabalho – clínica ou pedagógica – que vise, mais que a adaptação da criança ao mundo “normal”, mas a sua inserção em um ambiente social, que leve em conta as especificidades desta criança como um todo, isto é, tanto as suas necessidades especiais como as suas habilidades singulares.

Por exemplo: as crianças com a Síndrome de Down, quando educadas em ambientes propícios, muitas vezes desenvolvem uma capacidade de empatia e de cuidado com o outro que são surpreendentes! Por que não reconhecermos esta potencialidade, tão importante para o desenvolvimento emocional do futuro adulto, com a mesma precisão com que reconhecemos suas dificuldades cognitivas?

A educação e, mais do que isso, a formação da criança saudável é sempre um desafio para pais e cuidadores. No caso das crianças discutidas hoje, este desafio é ainda maior. No entanto, reconhecer a criança para além de alguém que é portadora deste ou daquele “déficit”, mas como um sujeito total, com dificuldades, especificidades e potencialidades, fará toda a diferença nesta difícil jornada!

Sugestões de temas, dúvidas sobre algum conceito de nossos artigos? Participe da nossa nova coluna “Pergunte ao Psiquiatra”! Envie um e-mail para: [email protected], que nosso colunista Dr. Maurício Silveira Garrote terá o prazer de respondê-lo!






Médico especialista em Psiquiatria Clínica pelo HC FMUSP (1985) e Mestre em psicologia clínica pela PUC-SP, com a tese "De Pompéia aos Sertões de Rosa: um percurso ao longo da Clínica Psicanalítica de pacientes com diagnóstico de Esquizofrenia" (1999).