As maneiras de amar

Definir o que é o amor não é uma empreitada simples, pois para cada pessoa, o amor pode representar algo diferente. O termo amor surgiu do latim, que tem o mesmo significado de hoje: sentimento de afeição, paixão e grande desejo. Portanto, o amor se constitui um sentimento de apego que se desenvolve entre seres – que possuem a aptidão de praticar este sentimento especial.

Platão e outros filósofos gregos da antiguidade faziam o uso da palavra amor para representar este sentimento entre os membros de uma família ou de um grupo com afinidades. O conceito de amor, no decorrer do tempo, foi atribuido em noções comuns, segundo os valores de cada religião e olhar das ciências humanas.

Não adianta falarmos de amor sem conhecimento, com afirmou Paracelso, médico, alquimista, físico e astrólogo do século XVI: “Quem nada conhece, nada ama. Quem nada pode fazer, nada compreende, nada vale. Mas quem compreende, também ama e quanto mais conhecimento houver inerente numa coisa, tanto maior o amor”.

Além disso, é indispensável amar a si mesmo, como posso amar alguém se eu não amo nem a mim próprio? Assim, quem se ama de verdade, procura possuir controle emocional, não se amarra a opinião alheia, não junta raiva, está disposto a perdoar e tem ânimo para seguir a vida em frente.

Os tipos conhecidos de amor humano são Ágape, Eros e Philos. Estes três modos de amor podem ser desenvolvidos na vida de qualquer pessoa. Mas estas maneiras de amar, necessitam ser verdadeiras, já que muitas pessoas desconfiam se elas de fatos existem, porque deixaram de acreditar no amor, após experimentar situações ruins, como: traição, desconfiança, mentiras, humilhações e outras emoções negativas.

O amor Ágape é inerente ao amor divino, uma vez que ele é misericordioso, isento de implicações sexuais, malícias e interesses pessoais. Ele é basicamente desprovido de paixões cegas, materiais, efêmeras e falsas. É um amor generoso, altruísta e infinito, é dado independente do que se recebe de volta.

E o amor Philos é o amor fraternal, que envolve a lealdade e a igualdade, além da dedicação ao objeto amado. Sendo que a entrega deste amor chega a ser mental, visto que está entre o espiritual e emocional.

O amor Eros representa o amor sexual, lascivo, cheio de paixões, legítima atração física, que desponta o impulso de união de corpos. Eros é o tipo de amor mais ousado dos três, por certo se não vivido de forma equilibrada pode trazer muita aflição. Os símbolos deste amor são a maçã, o coração, a flecha e sua mística tem a certeza de que forças mágicas podem vir a controlá-lo.

Com o advento da ideologia burguesa ergueu-se o amor-paixão, em prejuízo aos outros tipos de amor, que serviu para submeter a mulher no seu lugar: o lar, instituindo uma obrigação machista da sociedade moderna, que exige apenas um vínculo emocional duradouro da mulher.

Para Zygmunt Bauman vivemos uma era de “amor líquido”, onde os relacionamentos virtuais são irrelevantes e ganharam há a opção de “deletar”, valendo também para amor Ágape, Philos e Eros.

Mas se quizermos descobrir estas maneiras de amar, através do erguimento e não como uma queda, como propõe Erich Fromm:”devemos proceder do mesmo modo que agiríamos se quiséssemos aprender qualquer outra arte, seja a música, a pintura, a carpintaria, ou a arte da medicina ou da engenharia.”

Jackson César Buonocore é sociólogo e psicanalista






Jackson César Buonocore Sociólogo e Psicanalista