Mulher tem mais depressão?

Você tem que trabalhar, cuidar dos filhos, da casa, ter vida social, corpo bonito e ainda estar feliz porque… Você tem tudo e deveria ser grata, não é mesmo?

Vivemos em um tempo que parece que temos OBRIGAÇÃO de ser feliz.

Fui olhar minha linha do tempo no Facebook e vou contar para vocês a visão geral e os pensamentos que me ocorreram.

Aqui está o TOP 7 da minha linha do tempo:

1. Uma linda família feliz, todos sorrindo (não devem ter conflitos, são muito diferentes da minha família).

2. Uma capa de revista com um mulher perfeita dando dicas de beleza (me lasquei! Tenho rugas, celulite e joanete).

3. Casal se abraçando na praia (devem ter passado um final de semana muito romântico… Eu fiquei em casa porque tinha muita roupa para passar).

5. Mais quatro casais felizes (deve ter algo errado comigo, estou solteira; ou: deve ter algo errado comigo, estou em crise no casamento).

6. Bebê recém-nascido no colo da mãe, que está sorrindo, embora com um pouco de olheira (puxa, foram tão difíceis os primeiros dias com meu filho, eu só chorava. Talvez eu não seja uma boa mãe mesmo).

7. Mãe e filha com vestidos chiques e maquiadas, sorrindo. (ah, se o meu relacionamento com minha filha adolescente  fosse bom assim; ou: filho, que filho? Cheguei aos 40 e não tenho filhos. Fracassei!).

Como é que você tá agora? Porque eu já me sinto abalada.

Tem algo muito errado comigo. Minha vida é vazia e sem sentido.

Claro, ninguém quer abrir o Facebook e encontrar “azamiga” reclamando da vida e chorando. Isso é natural. Mas até que ponto você está lidando com a tristeza, a frustração e a carência, sem achar que isso é uma doença?

Na depressão, existe uma disfunção química no cérebro que é gerada por um funcionamento anormal de alguns neurotransmissores, como a serotonina.

Por causa dessa alteração química, você pode ter alguns sintomas como:

1. sentir-se triste por longos períodos, a maior parte do tempo;

2. desânimo;

3. perda do prazer;

4. culpa ou sentimento de inutilidade;

5. alteração do sono;

6. ideia de morte ou suicídio;

7. alteração do apetite;

8. agitação motora;

9. dificuldade de concentração.

A depressão não é a tristeza, a insônia ou o desânimo. A depressão é uma alteração química no cérebro, que causa isso nas pessoas. Para ser diagnosticada com depressão, pelo menos cinco sintomas acima têm que estar presentes por, no mínimo, duas semanas. Mínimo de cinco sintomas, viu? E, obrigatoriamente, a perda do prazer e a tristeza, na maior do tempo.

Por conta dessa obrigatoriedade de ser feliz, os antidepressivos são largamente utilizados até por quem está simplesmente triste, frustrado ou passando por um momento difícil.

Resultado disso tudo? Quando você acha que a “culpa” é da doença (quando não existe doença), você se sente impotente e não percebe que algumas situações e sentimentos são um convite para que você possa aprender a lidar melhor com a frustração e a tristeza, desenvolvendo um repertório maior de soluções para a sua vida, gerando mais saúde emocional e realização.

Em contrapartida, vejo muitas mulheres com dificuldade de aceitar que têm essa doença, de buscar ajuda. Muitas vezes, ouço que “isso é sinal de fraqueza” ou “tenho que sair disso sozinha”.

A depressão é uma doença muito séria, que pode e deve ser tratada. Não é preguiça, falta de vontade, falta de “ter a pia cheia de louça para lavar” e, muito menos, escolha sua. Você não acorda num belo dia e diz: quero ter depressão. Oba! Assim como o câncer também não é escolha de ninguém. Você não diz para uma mulher que tem câncer: “você tem que ter força de vontade, vai se distrair que isso passa, pensa nas pessoas que estão em situações piores que você, se esforça um pouco para sair dessa….”.

Então… Com a depressão não é diferente.

Embora seja um transtorno comum em homens e mulheres, sim, elas têm mais depressão.

Para cada homem que tem esse transtorno, existem DUAS mulheres com depressão!

Você se enganou, né, Alessandra? Esse número está errado! Infelizmente não. A depressão é duas vezes mais comum em mulheres!

Já não me bastam os desafios de ser mulher atualmente e ainda sou mais propensa a ter depressão? Sim, amiga. É!

Por alguma razão que nem Einstein conseguiu descobrir, você tem mais chance de ter depressão do que os homens.

Outros pesquisadores (além de Einstein, que eu creio que está engajado nisso) estão tentando entender por que mulheres são mais vulneráveis.

Existem muitas pesquisas, mas nada ainda comprovado.

Algumas hipóteses:

Você pode ter mais desequilíbrios hormonais decorrentes dos ciclos menstruais, gravidez, menopausa.

Você pode se importar mais com suas relações sociais,  o que te deixa mais vulnerável quando as coisas não vão bem.

Você pode ter uma dieta pobre em vitamina B12 e ferro.

Você pode ter traumas, como abuso sexual. É… Ainda hoje, o número de mulheres abusadas é assustador!

Você pode ter jornada de trabalho tripla, quádrupla, quíntupla, quando se cobra ser a Mulher Maravilha, achando que precisa dar conta de tudo: filhos, casa, marido, trabalho, corpo etc. Já falei isso, né?

Você pode se sentir culpada e incompetente por não conseguir fazer tudo isso com perfeição. Pudera!

Você pode se olhar no espelho e lembrar da foto da gostosona perfeita com dicas de beleza? Se você não está entendendo que esse corpo e esse rosto são de uma minoria de mulheres, você pode se achar inadequada, feia e sem valor = problema de autoestima!

E por fim: você pode ser mais preocupada com sua saúde e procurar ajuda com mais frequência, quando está emocionalmente abalada, então tem mais chance de recorrer a um psicólogo e um psiquiatra do que homens. (Lembra que você vai ao ginecologista com frequência?)

A causa da depressão é decorrente de vários fatores. Outros pontos são comuns a ambos os sexos como a herança genética, aspectos ambientais, sociais e psicológicos

Você pode passar por tudo isso e não ter depressão.

Se ficou na dúvida, busque um profissional para esclarecer suas dúvidas.

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Sou psicóloga clínica com vinte anos de experiência. Apaixonada pelo universo emocional da mulher, tenho me dedicado a cuidar de seus aspectos psicológicos. Contribuo para que se sintam mais fortalecidas para realizarem mudanças saudáveis em sua vida, melhorarem a autoestima, fazerem escolhas mais conscientes e transformarem seus relacionamentos, sua vida profissional e pessoal em algo que dê mais sentido à vida delas. Além dos atendimentos clínicos, também realizo workshops, palestras e psicoterapia de grupo sobre temas que fazem parte dos desafios de ser mulher na atualidade. Organizei e escrevi o primeiro capítulo do ebook "PoderosaMenteMulher." Se tiver interesse em recebê-lo, entre em contato comigo. Ele é gratuito. Se você acredita que eu posso contribuir na sua vida, mande uma mensagem. Atendo em São Paulo, no bairro Paraíso. [email protected]