Profissional liberal: quem cuida da minha carreira profissional?

É muito interessante notarmos como profissionais liberais, de modo geral, são pouco competentes em administrarem seus negócios.

Conheço ótimos médicos, psicólogos, advogados, fisioterapeutas, nutricionistas, etc. E vejo que, mesmo sendo competentes em suas áreas de atuação, sofrem para conseguir atrair clientes. Por que isso acontece?

Como tudo, devemos pensar que isso decorre de muitos fatores; mas acredito que um dos principais é a falta de conhecimento desses profissionais a respeito de outras disciplinas, como adminstração, marketing, etc. 

 Antes que alguns saiam defendendo que essas disciplinas sejam incluídas nos currículos dos respectivos cursos, aumentando ainda mais suas cargas horárias, sugiro cautela! Não dá para acreditarmos, especialmente nos tempos de hoje, que conseguiremos fazer tudo sozinhos. E, ainda que a escolha de colocar essas disciplinas no curso fosse uma opção viável, haveria outro problema: a questão do planejamento da carreira ser único a cada indivíduo.

Cada pessoa faz suas próprias escolhas, entre elas as profissionais. E creio que não é papel da Universidade ter que prestar esse tipo de serviço – pois, além disso reverter em cursos mais caros, exigindo a contratação de psicólogos coaches, ou outros profissionais que auxiliassem os alunos a fazerem suas escolhas, tiraria o foco de seus serviços, que é preparar profissionais com competências na prestação do serviço relacionado à carreira escolhida (por exemplo, formar psicólogos capazes de ouvir atentamente e analisar os fenômenos comportamentais trazidos pelos seus clientes, ou o nutricionista a conhecer os aspectos nutricionais dos alimentos, etc.).

 

Na melhor hipótese, penso que a Universidade poderia (e os professores deveriam) orientar seus formandos para que eles atentem a esses aspectos quando forem para seus mercados de atuação. Isso poderia ser feito com certa simplicidade, bastando incluir um bate papo mais próximo ao final do curso, para que esses aspectos fossem apresentados aos alunos, que eles pudessem discutir brevemente e fossem orientados ao que precisarão atentar após se formarem – deixando o planejamento individual por conta de cada um.

Eu, na minha prática como supervisor de estágio no último ano do curso de Psicologia, tiro geralmente um dia para esse tipo de conversa com meus alunos. Discuto com eles, por exemplo, o que irão fazer após se formarem? Como pretendem se estabelecer, no caso de escolherem atuar como profissionais liberais? De que maneira conseguirão atrair seus clientes? Como estabelecerão o valor de seus serviços? Etc.

Aspectos como aperfeiçoamento e continuidade dos estudos também devem ser abordados. Só não os apontei no parágrafo anterior pois acredito que essa já seja uma prática comum entre professores de último ano.

Voltando à nossa discussão: nos tempos atuais, principalmente pela enorme oferta de profissionais no mercado, não dá para os profissionais liberais acreditarem que bastará abrir seu consultório ou escritório – mesmo aqueles que tenham se destacado sendo um excelente aluno. Isso é um diferencial (e importante), mas ainda assim está distante de garantir uma carreira de sucesso como profissional liberal.

O profissional liberal de hoje precisa aprender a olhar para sua própria carreira e tomar decisões a respeito dela. Quais são seus objetivos profissionais? Em que nicho pretende atuar? Qual o perfil de seu público-alvo? Como se comunicar com esse público? De que maneira pretende se estabelecer no mercado? Qual é sua rede de conexões? Como irá administrar o negócio? Quais são os primeiros passos? O que será evidência de sucesso?

Para isso, o profissional liberal deverá reconhecer que precisa da ajuda de outros profissionais – a despeito de conseguir responder a muitas dessas questões sozinho. Por exemplo, necessitará de um contador, para as questões de abertura de PJ (pessoa jurídica, “empresa”) e cálculo de impostos; talvez de uma assessoria de marketing, para as questões de definição de público-alvo e como atingi-lo de forma mais eficiente; entre outros. 

Então, terminar a faculdade e sair por aí fazendo as coisas de qualquer maneira é uma escolha que põe em risco seu futuro, pois hoje essa estratégia tem menos chance de sucesso que antigamente. O contexto do mercado profissional está diferente e exige um comportamento diferente por parte dos profissionais.

 Se você se encontra nessa situação, sugiro duas dicas:

 

  1.  Tente sentar e construir um Plano estratégico para sua carreira. No caso de não conseguir construir esse planejamento sozinho, procure ajuda profissional. O psicólogo coaché um dos profissionais que poderá ajudá-lo neste campo.
  1.     Após construir esse plano de ação, vá em frente! Ponha a mão na massa e, conforme o momento, contrate os profissionais que o ajudarão a realizar seus planos.

Com essas medidas você terá mais chance de ter sucesso na sua carreira.

 

Assim, se voltarmos à questão colocada no título dessa matéria, podemos dizer que para uma carreira profissional de sucesso, no contexto atual, é preciso suporte de diferentes profissionais, que cuidarão de aspectos específicos de sua carreira.

 Mas lembre-se: isso não significa que você se tornará passageiro. Quem deverá estar na direção é você!

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Nicodemos Borges é graduado em Psicologia, Especialista em Terapia Comportamental e Cognitiva pela USP, Mestre e Doutor em Análise do Comportamento pela PUC-SP, Master Coach pelo Center for Advanced Coaching e pela Pro-Fit. É professor, supervisor, pesquisador e orientador na Universidade São Judas; CKO, Coach e Master-trainer no Instituto Nicodemos Borges; psicólogo clínico, supervisor clínico e responsável técnico na Contexto Psicologia. Foi professor e orientador em cursos de Pós-graduação de Liderança e Gestão de Pessoas na Unisa Business School e no Centro Paradigma de Análise do Comportamento. É Editor-Associado de Perspectivas em Análise do Comportamento e um dos organizadores do livro Clínica Analítico-Comportamento: aspectos teóricos e práticos.