Resolução de ano novo: Maturidade Emocional.

Por Debora Delta

Fim de ano, momento de fazer o balanço do que foi vivido e aprendido. No pacote de presentes, destaco um dos maiores que se pode ganhar: a maturidade. Desfrutar o prazer da própria companhia, praticar a gratidão e não se importar tanto com o julgamento alheio são alguns dos brindes dessa fase tão enriquecedora. Se ainda a desejamos, que ela seja o primeiro item das resoluções de ano novo. Mas, se já foi adquirida, vamos tirar o laço, o embrulho e aproveitar da melhor maneira esse presente que a vida nos dá!
Sempre ouvia sobre maturidade emocional, mas a associava com a idade e pensava que talvez bem velhinha eu fosse capaz de compreendê-la. Só conseguia perceber que estava muito longe, porque ainda sofria pelas minhas atitudes e principalmente pela dos outros. Hoje não sei se sou um exemplo de maturidade, mas o melhor é que isso simplesmente não importa, pois o julgamento alheio e a aprovação externa deixam de ser o foco da sua vida, quando você descobre verdadeiramente o amor próprio. O drama perde a importância, a opinião dos outros já não interfere nas suas ações e a própria companhia se torna o melhor encontro do dia.
Para cada pessoa, a maturidade vai refletir de maneiras diferentes. Abaixo segue uma lista – não espero dar receita de bolo, até porque cada um deve ter o seu próprio tempero – mas, para mim, claramente algumas coisas adoçaram a vida:
1.Aprender a desfrutar o prazer da própria companhia e desenvolver o amor mais importante de todos, o próprio.
Esse é um caminho sem volta e a sensação de capacidade e empoderamento são inexplicáveis. Se sentir verdadeiramente feliz e em paz independente do lugar, do programa ou do fato de estar sozinha ou acompanhada é algo extremamente poderoso. Desde estar em uma viagem incrível com milhares de amigos até ficar sozinha em casa lendo um livro são momentos desfrutados com a mesma sensação de paz interior. E outro grande triunfo da descoberta do amor próprio é que os relacionamentos amorosos deixam de ser muletas para a solidão. Você não precisa mais achar alguém que a complete, porque será um ser inteiro aberto para uma relação sem amarras, sem cobranças, um amor que não tira do chão, mas que o coloca cada vez mais em equilíbrio.
2. Aprender a dizer não para o seu sim ter real valor.
Ir à algum lugar quando realmente quer, fazer coisas que realmente deseja, ser simpática com quem merece, dar a sua atenção para quem se importa. Dizer não significa ouvir seu sexto sentido, se respeitar. Não é necessário dar as costas às novas oportunidades e desafios pelo medo da mudança, mas dizer não às coisas que você já sabe que não agregam ou que te afetam negativamente e dar adeus àquela velha falta de autoproteção. Dessa maneira, sem dúvida seu sim terá muito mais valor, porque você o dirá com convicção e sinceridade, sendo uma melhor companhia para os outros e principalmente para você mesmo. A qualidade dos programas e das pessoas que o cerca melhora automaticamente após essa atitude.

3. Aprender a se desligar amorosamente das amizades tóxicas e valorizar os poucos e bons amigos.
Quando você aprende a dizer não, muitos não entenderão, podem achar que é pessoal e talvez não estejam totalmente errados, pois quando você passa a entender o que realmente quer, algumas amizades não farão mais sentido. Na realidade, muitas pessoas surgem na nossa vida para ensinar, aprender e ir embora. A maior dificuldade é se desligar amorosamente delas, desejar verdadeiramente o bem e entender que independente do que acontecer, nada vai mudar o que de benéfico ela deixou e levou durante a sua passagem.

O número de amigos diminui, mas os laços se fortalecem e esse é um dos maiores presentes dessa fase. As relações passam a ser de muita cumplicidade e compreensão, o respeito à sua essência, seus valores e suas crenças passa a ser essencial.

4. Aprender a resiliência em sua essência.
Ser resiliente é ser capaz de voltar a sua forma original, aos seus valores, a sua verdade, independente do que tiver passado ou sofrido, independente do que os outros fizeram ou deixaram de fazer, é ter a capacidade de se adaptar às mudanças. Nem tudo irá acontecer quando ou como queremos, mas o que aprendi foi que sempre acontece da melhor maneira. Quando aprendemos a ser resilientes nos momentos difíceis e enxergar algo de positivo mesmo em situações quase impossíveis, a vida se encarrega de resolver e mostrar rapidamente o porquê de tudo aquilo. Quando você entende que não importa o que o outro faz, mas sim como se sente em relação a isso, a vida se torna mais leve e você passa a compreender que é o único responsável pelos seus sentimentos.
5. Aprender a superar alguns limites e ao mesmo tempo respeitar os mais importantes.
Superar limites, fazer coisas que sempre quis, mas que por medo da reprovação externa e principalmente do seu próprio julgamento, você sempre anulou. Perder o medo de voar e de pular da pedra mais alta. Perder o medo de estar só. Perder o medo de falar não. Respeitar os seus limites, respeitar as suas crenças pessoais, seus valores e suas verdades. É preciso aprender quais os limites que você pode superar e quais não devem ser desrespeitados jamais.
6. Aprender a praticar a gratidão, reclamar menos, agradecer mais.
Você pode comprovar no seu dia-a-dia, quanto mais as pessoas reclamam mais problemas elas têm. Por quê? Porque é exatamente isso que atraem, quanto mais reclamam mais coisas irão surgir para reclamar e se não tiver, pode ter certeza que elas encontrão. Aprender a ser grato em épocas felizes é bem mais simples, apesar de muitas pessoas não agradecerem nem durante esses momentos. Mas usar a gratidão em épocas turbulentas é um dos maiores desafios. A partir do momento que você se conscientiza que cada experiência vivida tem a sua importância, a gratidão fica um pouco mais palpável.

7. Aprender com as experiências do passado, mas deixá-lo aonde ele tem que estar.
As pessoas passam em nossa vida para nos deixar ou levar algo. E esse é o maior aprendizado de todos, saber a hora de dizer adeus. Insistir para que alguém fique, desejar que algum momento volte ou não encerrar aquilo que já acabou é persistir em viver fora da realidade, a qual sem dúvida pode apresentar situações e pessoas tão interessantes que irão somar infinitamente ao seu crescimento pessoal. Aprender com o que foi vivido e deixar o passado aonde ele deve estar é essencial para valorizar a própria serenidade. Isso vale para o antigo emprego, a amizade que se rompeu e o relacionamento que acabou. Praticar o desapego das pessoas, das coisas e do que já passou é essencial para não se perder o bem mais precioso: o dia de hoje.
8. Aprender que a opinião dos outros e só deles, isso não é a real verdade sobre quem você é.
Fulano acha isso de mim, pensa aquilo sobre a minha atitude ou me recrimina por determinado pensamento. Ignorar o que desconhecidos pensam sobre nós não é uma tarefa tão difícil, mas e quando esse julgamento parte de pessoas com as quais nos relacionamos, pessoas que amamos? Algumas vezes as pessoas podem opinar sobre nós mesmos de forma construtiva ou amorosa, mas a grande parte não sugere algo, apenas julga. E o poder da maturidade está em perceber essa diferença e ouvir unicamente aquilo que é benéfico para a sua mudança e para o seu crescimento e descartar o que não serve ou o que vem apenas cercado de julgamentos.
Todos os tópicos começaram com o mesmo verbo, por isso, certamente o sinônimo da maturidade é a humildade, humildade para aprender e nunca se privar das suas descobertas pessoais e do mundo novo que se apresenta nessa fase, que não tem idade certa, mas que você simplesmente vai sentir, vai perceber quando chegar.

Imagem de capa: Shutterstock/alphaspirit

TEXTO ORIGINAL DE OBVIOUS






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