Frida Kahlo, um dos maiores ícones da arte e da resistência feminina no século 20, deixou ao mundo muito mais do que suas pinturas intensas e autorretratos marcantes. Em meio à dor física e emocional, escreveu uma carta de despedida a Diego Rivera que permanece, até hoje, como um dos mais fortes e comoventes anúncios de separação já registrados.
Escrita em 1953, quando Frida estava internada no hospital e prestes a ter o pé amputado, a carta reúne amor, raiva, sarcasmo e, principalmente, libertação. Publicamos abaixo o conteúdo completo dessa poderosa carta, que transcende o tempo e ainda provoca reflexões sobre relações abusivas, dependência emocional e o poder da mulher em dizer basta.
O relacionamento entre Frida Kahlo e Diego Rivera é um dos mais comentados da história da arte. Entre casamentos, separações, reconciliações e múltiplas traições, os dois viveram uma relação tumultuada e intensa, que se refletia na arte de ambos.
No momento em que escreve a carta, Frida está debilitada, mas lúcida. Sua ironia cortante e a dor da decepção amorosa aparecem de forma visceral. Ela transforma a amputação iminente do corpo em metáfora para amputar Diego de sua vida.
México, 1953
Senhor meu Don Diego:
Escrevo isto de um quarto de hospital e na sala de cirurgia. Eles tentam me apressar mas eu estou decidida a terminar esta carta, não quero deixar nada pela metade e muito menos agora que sei o que eles planejam, querem ferir meu orgulho cortando minha pata…
Quando me disseram que teriam que amputar minha perna não me afetou como todos pensavam, NÃO, eu já era uma mulher incompleta quando o perdi, novamente, pela enésima vez talvez e mesmo assim sobrevivi.
Eu não tenho medo da dor e você sabe disso, é quase uma condição inerente ao meu ser, embora eu confesso que sofri, e sofri muito, todas as vezes que você me trai… Não só com a minha irmã, mas com tantas mulheres… Como elas caíram nas suas enredadas? Achas que fiquei chateada por causa da Cristina, mas hoje devo confessar-te que não foi por ela, foi por ti e por mim, primeiro por mim, porque nunca consegui entender o que procuravas, o que te dão e o que elas te deram que eu não te dei?
Por que nos tornamos idiotas Diego, eu dei-te o mais humanamente possível e sabemos disso, agora bem, como caralho você faz para conquistar tanta mulher se você é tão feio filho da p***…?!! […]
Desculpa não ter ficado em tua casa para te dizer isso na frente mas nestas instâncias e condições já não me deixaram sair do quarto nem para ir ao banheiro.
Não pretendo causar pena de ti nem de ninguém, também não quero que te sintas culpado de nada, escrevo-te para te dizer que te liberto de mim, vá lá, te “amputo” de mim, seja feliz e nunca me procure.
Nunca mais quero ouvir falar de você nem que você saiba de mim, se de alguma coisa eu quero ter o gosto antes de morrer é de nunca mais ver essa sua cara de maldito horrível rondando pelo meu jardim.
Pronto, já posso ir tranquila e ser mutilada em paz.
Despede-se quem o ama com veemente loucura,
Sua Frida.
Além da força emocional, a carta é um documento histórico de uma mulher que ousou falar o que sentia em uma época em que o papel feminino era silenciado. Frida rompe com o ciclo de dor amorosa não apenas com palavras, mas com uma decisão radical de liberdade: libertar-se de Diego, a quem amou com “veemente loucura”, mas também a quem ela já não suportava ver.
A carta é, hoje, um símbolo de empoderamento e resistência. Ao mesmo tempo que revela a vulnerabilidade da artista, demonstra sua coragem em se colocar como protagonista da própria história, mesmo diante da morte.
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