Tem série que tenta te fazer chorar com trilha grandona e discurso pronto. After Life vai pelo caminho oposto: ela te pega distraído, num diálogo rápido no corredor do jornal, numa visita silenciosa ao cemitério, num comentário atravessado que parece piada… e quando você vê, já ficou pessoal.
Criada, dirigida e protagonizada por Ricky Gervais, a produção acompanha Tony Johnson, um jornalista de um jornal local na cidade fictícia de Tambury, tentando existir depois da morte da esposa.
O “truque” do roteiro é deixar Tony afiado e desagradável como mecanismo de defesa: ele fala o que dá vontade, machuca gente que não merece, usa humor como escudo — e o texto vai mostrando, aos poucos, o custo disso.
O formato ajuda muito. São 3 temporadas, cada uma com 6 episódios, episódios curtos (na faixa de meia hora), e um ritmo que não enrola: sempre tem uma situação simples do dia a dia (trabalho, vizinhos, família, terapia, pequenas gentilezas) virando um espelho bem direto.
A 1ª temporada estreou em 8 de março de 2019, a 2ª em 24 de abril de 2020 e a 3ª (final) em 14 de janeiro de 2022.
O elenco é parte do golpe emocional. Penelope Wilton (Anne) aparece como a pessoa que diz as coisas certas sem soar “coach”, com uma calma que desmonta o cinismo do Tony do jeito mais irritante possível (porque funciona).
Ashley Jensen (Emma) segura a delicadeza sem virar “salvadora” do protagonista. E no jornal, a rotina com Diane Morgan (Kath), Tony Way (Lenny) e Tom Basden (Matt) vira um laboratório de constrangimento, carinho torto e convivência real — aquela em que ninguém fala bonito, mas todo mundo sente.
O humor é bem britânico, mas não depende de referência interna: ele vem do desconforto. Tony fala algo absurdo e você ri; segundos depois, percebe que riu porque reconheceu a dor por trás.
E a série acerta quando evita “lição de moral” em voz alta. Em vez disso, ela vai empilhando microgestos: um favor que ninguém pediu, um pedido de desculpas mal feito, um dia que dá menos errado que o anterior.
Vale avisar: há temas de luto e saúde mental, com o personagem passando por momentos bem pesados.
A série trata isso de forma humana, mas se esse assunto te pega num ponto sensível, é uma boa ver num momento em que você esteja mais firme — e, se bater estranho, conversar com alguém de confiança.
Curiosidade gostosa pra quem repara em cenário: Tambury não existe — a série usa lugares como Hemel Hempstead, Beaconsfield e áreas de Hampstead (Londres) para montar aquela cidade pequena com cara de “todo mundo se conhece”.
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