O terceiro episódio da minissérie “Adolescência”, sucesso da Netflix, foi tema de uma análise da psicanalista Karla Paulina Sánchez Horta. Em um vídeo publicado no YouTube, a especialista discutiu a dinâmica psicológica de uma cena de interrogatório envolvendo o protagonista Jamie Miller, um menino de 13 anos suspeito de assassinar um colega de escola.
Na cena em questão, a psicóloga Briony Ariston oferece a Jamie um sanduíche e uma bebida, o que provoca uma reação positiva do adolescente. Segundo Sánchez Horta, esse gesto tem a função estratégica de acalmar e relaxar o garoto durante a conversa: “Esses detalhes são importantes para eles, porque eles são muito focados no que gostam e como isso os define. Se você prestar atenção nisso e ampliar, é algo muito notável. Acontece porque eles mesmos dão importância a isso”.
Apesar de demonstrar satisfação inicial com o lanche, Jamie logo o coloca de lado. Briony insiste para que ele coma, e o garoto acaba provando apenas uma parte antes de rejeitar novamente. Para a psicanalista, essa atitude indica um comportamento típico de evitação de conflito. “Ele fingiu prazer e evitou ferir os sentimentos da outra pessoa”, explica.
No decorrer do interrogatório, a interação entre Briony e Jamie se torna mais tensa, especialmente quando a psicóloga aborda questões relacionadas às relações do menino com as mulheres. Segundo Sánchez Horta, esse momento marca uma mudança na dinâmica da conversa, levando a psicóloga a um dilema emocional. “Ela sentiu o lado humano do menino e teve empatia por ele além do campo profissional”, afirma a especialista.
A análise destaca como a cena retrata um “cabo de guerra” entre a sensibilidade pessoal e a postura profissional de Briony. Essa complexidade psicológica contribui para a profundidade da narrativa da minissérie e ajuda a construir um retrato mais realista dos desafios enfrentados por profissionais que lidam com adolescentes em situações de vulnerabilidade.
Adolescência segue conquistando públicos e críticos ao explorar as nuances da juventude, suas dores e conflitos internos, além das dinâmicas sociais que influenciam suas escolhas.
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