Soraya Rodrigues Aragão

Baby Blues Puerperal e Depressão Pós-parto: diferenças pontuais

Baby Blues Puerperal e Depressão Pós-parto: diferenças pontuais

A chegada de um bebê é um presente maravilhoso, estabelecendo um momento único para a família como um todo e estando associado à felicidade e completude. Para algumas mulheres, infelizmente, pode acontecer o Baby Blues Puerperal, que é uma condição de humor que acomete aproximadamente 85% das mulheres, começando após a expulsão da placenta e podendo durar por até duas semanas, diminuindo gradativamente após este período. Caracteriza-se por tristeza, ansiedade, concentração comprometida, preocupação excessiva com a saúde do bebê, irritabilidade, sentimento de inadequação, labilidade emocional, choro fácil e alterações no sono e apetite, sendo esta uma condição leve e transitória. Mudanças na identidade, no corpo e na rotina, também fazem parte deste processo, a exaustão física e emocional, o desapegar por um momento de sonhos e projetos, bem como da antiga vida, requerendo novas adaptações da mãe, sendo muito importante investir preventivamente nestas mudanças que estão por vir preparando a mulher durante o pré-natal.

Embora no Blues Puerperal, esta sintomatologia seja leve, não significa que mereça menos atenção, visto que, se não cuidado poderá vir a desencadear a Depressão Pós-Parto, dependendo de fatores genéticos e ambientais. No Blues, a mãe consegue realizar as atividades rotineiras de cuidado com seu bebê mesmo com algum custo e desconforto, mas na Depressão Pós-parto isto não acontece, a mulher fica bastante comprometida na sua vida e em suas funções.

O Blues Puerperal e a Depressão pós-parto estão diretamente relacionados com as mudanças hormonais profundas que acontecem no corpo da mãe e que se regularizam em torno de duas semanas. No caso da Depressão Pós-parto, observamos todos os sintomas descritos no Blues Puerperal de forma intensa e não desaparecendo espontaneamente, podendo perdurar por meses e necessitando de tratamento especifico. Vale a pena salientar que além das mudanças hormonais, fatores socioculturais, familiares e econômicos estão diretamente relacionados com as mudanças de humor no puerpério. Um aspecto muito importante é a mudança de vida drástica que acontece, pois e repente aquela mãe muitas vezes não tem um horário de sono regular e muitas delas sequer tempo de se alimentar e de se autocuidar.

Uma entre quatro mulheres (25%) sofre de Depressão Pós-parto. Diferente do Blues Puerperal, que é de aproximadamente 85% dos casos e se tratando de um estado de tristeza passageiro, a Depressão Pós-parto pode se estender de 6 meses a 1 ano, causando conseqüências desagradáveis, visto que se trata de um transtorno sério, podendo comprometer a vida da mãe e do bebê. Os principais sintomas são tristeza, embotamento afetivo, sentimento de culpa e inutilidade por não sentir-se capaz de cuidar do próprio filho, anedonia (atividades que antes o indivíduo exercia com prazer não fazem mais nenhum sentido, havendo perda do “gosto de viver”) e sentimento de grande vazio, desesperança, desinteresse sexual, fadiga intensa e falta de sono (hiposonia) ou sono excessivo (hipersonia).

Como foi dito anteriormente, um dos fatores responsáveis pela sintomatologia explicitada acima, são as mudanças hormonais bruscas e o estresse desencadeado pela mudança na rotina da mulher. Por este motivo, é muito importante que durante o período gestacional, a mulher se prepare para o período de mudança que está por vir, com todas as implicações e abdicações que a chegada de um bebê proporciona através da psicoeducaçao. A mulher com Blues Puerperal ou Depressão Pós-parto necessita de uma rede de apoio social, principalmente da compreensão e o apoio de familiares e amigos neste processo difícil para muitas mulheres.

Photo by David Veksler on Unsplash

Soraya Rodrigues de Aragão

Psicóloga, Psicotraumatologista, Expert em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde. Escritora e palestrante.Autora dos livros Fechamento de Ciclo e Renascimento, Supere desilusões amorosas e pertença a si mesmo, Liberte-se do Pânico e viva sem medo e Talita e o portal. Site: www.sorayapsicologa.com Email: contato@sorayapsicologa.com

Recent Posts

Pessoas que sofrem depressão usam estas palavras com mais frequência

Um estudo publicado na revista científica Clinical Psychological Science revela que pode haver uma maneira…

21 horas ago

Regulamentação de jogos de azar no Brasil: como as novas leis afetam o mercado e os jogadores

Descubra por que o mercado brasileiro de jogos virtuais é tão popular, como ele está…

3 dias ago

Por que tantas pessoas interessantes estão solteiras?

Bom, para começo de conversa, sei que tem muita gente solteira por opção. Gente que…

4 dias ago

Casal de aposentados comprou 51 cruzeiros seguidos: “Mais barato que casa de repouso”

Marty e Jess Ansen trocaram a rotina de uma casa de repouso por um estilo…

5 dias ago

Atriz revela que não beijava namorado na frente da filha e explica o motivo

Carol Castro e Bruno Cabrerizo namoraram por dois anos e a relação chegou ao fim…

5 dias ago

Mãe oferece pagamento para quem quiser ser amigo de seu filho com síndrome de Down e é surpreendida

Ela postou em sua página no Facebook uma mensagem oferecendo US$ 80 (cerca de R$…

6 dias ago