Categories: Marcel Camargo

Como diz a canção, um joelho ralado dói bem menos do que um coração partido

Vivemos correndo contra o tempo, tentando vencer as insuficientes vinte e quatro horas do dia, ansiando por recuperar a passagem do tempo que perdemos enquanto nos ocupávamos com o que não nos preenche a essência, bem como lutando contra as marcas que os anos idos imprimem em nosso físico. É como se nunca vencêssemos essa batalha a que nos propomos contra o que passa, passou, o que não é mais, o que não pode mais ser.

Embora o tempo traga sabedoria e resignação frente a muito daquilo que nos ansiava e angustiava, ele também acaba por nos fazer acumular cada vez mais responsabilidades. O amadurecimento vai nos distanciando das preocupações únicas com o que é somente nosso, estendendo nosso mundo em direção à vida de mais pessoas que começam a caminhar conosco. Passamos a nos tornar responsáveis também por vidas outras, de gente que amamos, que nos ama, gente que fica junto, ali do lado, torcendo por nós.

A felicidade vai deixando de ser egoísta, pois as dores daqueles que amamos acabam nos atingindo, ou seja, por mais que estejamos bem, caso nossos queridos estejam passando por problemas, não nos sentiremos completos de fato. Percebermo-nos parte de um todo que recebe influência de nossas ações nos torna mais suscetíveis a sofrer quando o outro sofre, porque temos, então, a consciência de que ficar feliz sozinho, enquanto há dor à nossa volta, é muito difícil.

Além disso, essa interação com outras pessoas nunca é de todo tranquila. Enfrentaremos decepções, quebras de expectativas, ingratidão, traição, desprezo e falsidade. Perderemos muitas pessoas pelo caminho, acumularemos saudades doídas, lembranças espinhosas, corações partidos. Não raro, o saudosismo em relação à nossa infância despreocupada e livre de responsabilidades agiganta em nosso peito, aninhando nossas lágrimas e a saudade de gente cujo colo nos faz tanta falta. Inevitável.

O tempo passa, sempre, para todo mundo. Lutar contra ele, portanto, sempre será um embate inglório, uma causa perdida, porque o mais sábio sempre será unir-se a ele, sorvendo suas lições e assimilando os tantos aprendizados que ele nos proporciona. A passagem do tempo não deve nos angustiar quanto à nossa finitude e sim nos dar forças para fazermos e sermos o melhor que pudermos, para que nos eternizemos nas lembranças de todos aqueles que viveram junto às nossas verdades. É assim que o amor se eterniza e se torna mais forte do que a morte..

Imagem de capa: Cultura Motion/shutterstock

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar".

Recent Posts

5 filmes de comédia romântica do nosso Brasil para você se deliciar agora mesmo

Quer rir, suspirar e fechar a noite leve? Da lista recente de comédias românticas nacionais…

4 dias ago

Mãe acorda e vê dezenas de ligações do filho na madrugada — e o motivo é inacreditável

Meredith Thornton, 54 anos, do Arkansas, criou um ritual desde que o filho mais velho…

4 dias ago

Mercado iGaming brasileiro é destaque no quesito investimento

O mercado de iGaming no Brasil cresce em uma velocidade surpreendente no seu primeiro ano…

1 semana ago

O que realmente acontece quando um passageiro morre durante um cruzeiro internacional no mar

Navios de cruzeiro funcionam como pequenas cidades: têm equipe médica, procedimentos claros e uma logística…

1 semana ago

Relação com 16 anos de diferença marca novo e polêmico filme de Anne Hathaway no streaming – veja o trailer

Em vez de apostar no clichê do “amor perfeito”, Uma Ideia de Você coloca no…

1 semana ago

Por que as baleias azuis estão ficando em silêncio e o que isso tem a ver com o futuro da humanidade

Quando o maior animal do planeta passa a cantar menos, algo saiu do eixo. Microfones…

1 semana ago