Por trás de uma porta trancada em um apartamento de luxo, Dentro (Inside), estreia em longas do diretor grego Vasilis Katsoupis, propõe uma viagem perturbadora pela mente de um homem isolado — e entrega um espetáculo quase solitário de Willem Dafoe, que domina a cena com intensidade física e emocional.
Na trama, Nemo é um ladrão de arte que invade o triplex de um colecionador milionário em busca de obras valiosas. O plano parece simples, mas tudo dá errado: o sistema de segurança trava, o dono não aparece, e Nemo fica preso. Sozinho. Sem comida suficiente. Sem água. Sem saída.
O que se segue é uma jornada de degradação e reinvenção. O apartamento, estéril e ultramoderno, vira prisão e paisagem mental. Aos poucos, as linhas retas e superfícies limpas vão sendo quebradas — literalmente — enquanto Nemo busca sobreviver. Com o tempo, o personagem transforma o espaço num ateliê improvisado, desafiando o conceito de arte e o instinto de autopreservação.
O roteiro de Ben Hopkins aposta mais na sugestão do que na ação. O silêncio, os ruídos mecânicos, a repetição dos dias e a presença constante das obras de arte criam uma atmosfera opressiva. O filme exige do espectador o mesmo que exige de seu protagonista: paciência, resistência e atenção aos detalhes.
Mas é Dafoe quem carrega o peso do confinamento. Sua atuação vai além da entrega física — que é notável — e mergulha em nuances psicológicas de desespero, delírio e até criação. É um trabalho que flerta com o teatro, com o corpo como linguagem e o espaço como antagonista.
A direção de arte merece destaque. Cada objeto, cada quadro e cada trinca nas paredes ajudam a contar uma história que não tem muitos diálogos, mas fala muito. A trilha sonora minimalista, de Frederik van de Moortel, reforça a tensão e a estranheza sem cair no óbvio.
Dentro não é um filme fácil. Sua estrutura lenta e seu caráter experimental podem afastar parte do público acostumado a thrillers mais convencionais. Mas para quem se permite entrar nessa cápsula de solidão e metáfora, a experiência pode ser tão sufocante quanto reveladora.
Nota: 4 de 5
Um filme que transforma isolamento em espetáculo sensorial — e que prova, mais uma vez, que Willem Dafoe é um artista sem paredes.
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