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Freud e Lacan eram dois charlatões, afirma professor de Psicologia após décadas de pesquisa

Jacques Van Rillaer, professor emérito de Psicologia da Universidade de Louvain, na Bélgica, é o responsável por originar um questionamento que tem abastecido acaloradas discussões nos meios acadêmicos: Freud e Lacan seriam dois charlatões?

Van Rillaer acaba de lançar o livro “Freud & Lacan, des charlatans? Faits et legendes de la psychanalise” (Freud & Lacan eram charlatões? Fatos e lendas da Psicanálise, em tradução livre). Ao longo de mais de 240 páginas, o professor descreve e fundamenta incoerências, mentiras e métodos questionáveis do pai da Psicanálise (1856-1939) e de um dos seus mais célebres adeptos, Jacques Lacan – a quem Van Rillaer e outros críticos atribuem citações “totalmente absurdas”. Coautor da obra “O Livro Negro da Psicanálise”, lançado em 2005 e traduzido no Brasil em 2011, Van Rillaer questiona o trabalho de Freud através de uma gigantesca pesquisa.

Em conversa com a RFI Brasil, o autor do livro contou o que o levou a questionar a obra de Freud.

“Nos anos 1960, a Psicanálise era dominante e foi tema da minha tese de doutorado. Em 1968, tive a oportunidade de ir para a Holanda, em um setor de Psicologia Clínica, onde o método tinha deixado de ser uma prática renomada. Foi um ano, como se sabe, de muita contestação, inclusive da Psicanálise. Na Holanda, a crítica era política: o método era visto como uma Psicologia a serviço do poder, porque todas as questões são analisadas sem levar em conta os fatores sociais. Também se questionava o caráter científico: a maneira como a Psicanálise fala do inconsciente pode justificar tudo! Há também a eficácia: em 1968, já havia na Holanda um psicólogo que praticava a terapia cognitivo-comportamental, que se mostrava mais eficaz. O tratamento não era apenas calcado no tratamento de fobias ou medos irracionais. Era bem-sucedido porque ensinava aos pacientes como se acalmar, os acompanhando, e propondo exercícios que os confrontava os próprios medos.”, revela o professor.

O livro defende que a Homeopatia e a Psicanálise tem muito em comum, e Van Rillaer diz que, para ele, Freud é uma espécie de Hahnemann, o criador da Homeopatia, “alguém que teve uma revelação e em seguida as colocou em uma escritura sagrada, um pouco como a Bíblia. Ao mesmo tempo é verdade que a Psicanálise tem o mérito de mostrar que alguns problemas somáticos são a expressão do stress e de outros estados emocionais, mas há o risco do que chamamos de psicosomatismo ou psicoanalismo, ou de reinterpretar tudo do ponto de vista psicológico. Isso é perigoso. Há exemplos conhecidos, como o de Gershwin, o famoso compositor. Ele fez anos de Psicanálise porque sofria de muita dor de cabeça, mas na verdade tinha um tumor no cérebro.”.

Na entrevista, Van Rillaer lembra que Freud atribuía a Depressão clínica, que necessita de medicamentos, a um excesso de auto-estimulações sexuais. Ele também sugere que ele não foi o inventor do conceito do Inconsciente.

“Essa ideia do Inconsciente remonta à Antiguidade e é bem desenvolvida a partir do século 18. Na época de Freud, a palavra Inconsciente era totalmente banal. Ele mesmo cita autores que escreveram sobre o Inconsciente. O filósofo alemão Eduard von Harmann lançou, em 1869, a obra ‘Filosofia do Inconsciente’, na qual aborda a importância do sonho e o fato de que não temos consciência de tudo aquilo que fazemos. O problema é que Freud fala do inconsciente como se ele decidisse ou reprimisse todas as nossas ações. Não posso dizer que os psicanalistas sempre dizem bobagem, mas é muito fácil “jogar” com essa noção, e é preciso ter a ousadia de questionar isso.”

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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de UOL.
Foto destacada: WikiCommons

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