Por Marcel Camargo

“Ficamos, muitas vezes, presos a expectativas pessimistas de sermos despedidos, de estourarmos o nosso orçamento, de acontecer algum acidente com nossos filhos, de adoecermos, de não nos apaixonarmos, de sermos traídos ou deixados pelo amado e, enquanto isso, a vida passa lá fora, sem que desfrutemos todas as oportunidades que ela carrega aqui e agora.”

O mundo está cada vez mais violento e complexo, deixando-nos apreensivos com as incertezas e obstáculos que permeiam o nosso caminhar. Por essa razão, acabamos temendo sempre o pior que possa vir a acontecer, uma vez que somos rodeados por notícias e fatos desesperançosos, tais como constantes assaltos, desvios de dinheiro, alta de preços, desvalorização do poder de compra, desemprego, acidentes, dentre tantos outros.

Nesse contexto, avolumam-se, dentro de nós, inseguranças e temores quanto à possibilidade de nos tornarmos protagonistas de tais experiências, o que nos deixa apreensivos e tomados de pensamentos pessimistas quanto ao nosso amanhã e ao futuro de nossos amados. Trazemos para as nossas vidas aquilo que nem aconteceu ainda e, muitas vezes, acabamos tolhendo os nossos sonhos de sua capacidade motivadora de nos fortalecer.

Na verdade, sofrer pelo que possa acontecer de ruim em nossas vidas é totalmente inútil, pois nos torna sujeitos infelizes e paralisados, cegando-nos frente às inúmeras oportunidades de alcançarmos a felicidade que estão bem ali na nossa frente. Quando nos preocupamos demais com o amanhã, deixamos de construir um hoje melhor, ou seja, deixamos de viver o que temos conosco no presente, em razão de antecipações negativas que nos tornam ansiosos e infelizes, dia após dia.

Ficamos, muitas vezes, presos a expectativas pessimistas de sermos despedidos, de estourarmos o nosso orçamento, de acontecer algum acidente com nossos filhos, de adoecermos, de não nos apaixonarmos, de sermos traídos ou deixados pelo amado e, enquanto isso, a vida passa lá fora, sem que desfrutemos todas as oportunidades que ela carrega aqui e agora. Não vivemos o hoje, por conta de um amanhã que ainda nem existe, tampouco conseguimos nos fortalecer para enfrentar os dias de luta que virão.
Sofrer pelo que não aconteceu é tão danoso, que nos impede a preparação para um futuro melhor. Dessa forma, nossos medos muito possivelmente se concretizarão e teremos, sim, amanhãs infelizes, pois estivemos muito preocupados com eles e não nos preparamos para recebê-los com todas as possibilidades de felicidade que o futuro sempre traz. De tanto pensarmos no pior, acabamos atraindo negatividade para dentro de nossas vidas, pois nos tornamos pessoas com quem nem é prazeroso conviver. Perdemos, consequentemente, inúmeras chances de conhecer, de amar, de sorrir, de contemplar, enfim, de viver como realmente merecemos.

Obviamente, isso não significa que devemos nos alienar e viver descompromissadamente, sem planos e projetos, sem pensar e nos preparar para o futuro. Programar ações e agir com vistas às consequências é necessário, no sentido de conseguirmos alcançar uma velhice digna e confortável, junto de quem amamos e nos ama de verdade. No entanto, precisamos também esperar coisas boas, antecipando um amanhã feliz e pleno de realizações, pois isso nos tornará mais lúcidos quanto ao que precisamos fazer hoje, para podermos desfrutar um futuro melhor.

Prevenir-se não significa, absolutamente, negativar o que virá, pois, na verdade, controlamos quase nada do que acontece e acontecerá em nossas vidas. O que importa, mesmo, é buscar a felicidade, com o que se tem, a partir do que somos, com quem está conosco, sorvendo cada instante intensamente, para que não carreguemos arrependimentos por tudo o que deixamos de viver no momento certo, enquanto vivíamos antecipações, muitas das quais nem chegaram a acontecer. Expectativas demasiadas nos emperram; otimismo, na medida certa, nos liberta. Permita-se, assim, viver o real, pois é isso que terá valido a pena e é isso que acalentará as doces lembranças que nos perpetuarão quando partirmos.

Texto publicado originalmente em CONTI outra.

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