O grupo é um espaço de queixa e desabafo, a participação dos outros pacientes se faz por sugestões e conselhos frente às dificuldades nos relacionamentos sociais e afetivos.

A estrutura dos grupos é um fator crucial. É relevante instruir os pacientes diante da finalidade do grupo, estabelecer limites de espaço e tempo, oferecer um estilo pessoal claro, compreensível e confiante.

Os grupos terapêuticos visam potencializar as trocas dialógicas, o compartilhamento de experiências e a melhoria na adaptação ao modo de vida individual e coletivo. Os grupos podem apresentar algumas vantagens, como a melhora nas relações sociais, nos níveis de conhecimento sobre questões discutidas, na capacidade para lidar com situações inerentes ao transtorno sofrido, ou na confiança e alívio emocional.

Para Freud, a partir da formação de um grupo, podem surgir efeitos de massa, onde os indivíduos se combinam como uma unidade e são influenciados pela sugestão, provocando mudanças de comportamento e suas particularidades tendem a desaparecer. Tem como referência imaginária um líder, tendo como causa comum ou um ideal. O laço entre o líder e os membros é um laço identificatório, sendo a expressão de um laço emocional.

Um exemplo disso seria os grupos anônimos de auto-ajuda, como os Alcoólicos Anônimos (A.A.). O modo de trabalho dessas instituições é a partir da supressão das diferenças subjetivas, pois o tratamento é feito através de uma identificação comum e homogênea a um ideal. Para o A.A., seria o poder superior como figura ideal que solidifica o coletivo. O tratamento se baseia no reforço da identificação, e o grupo traça um objetivo em comum.

Lacan sugere que se trabalhe as diferenças de cada sujeito no grupo sem misturá-las ao todo. A prioridade está na existência do particular. O trabalho da psicanálise será pautado na direção contrária à identificação maciça que o sujeito tende a realizar com a droga, e por consequência com os membros do grupo.

Para promover a diferenciação no grupo, Baptista (2003) menciona como exemplo uma oficina que realizou. A oficina de Composições Literárias, na qual através de poemas, crônicas e outras peças da literatura brasileira, a autora preconizou por desconstruir a identificação coletiva, fazendo emergir as diferenças. Enfatizando o objetivo dos pacientes, o quê os levaram a procurar ajuda e demarcando essa diferença.

Para concluir, tanto os grupos quanto as oficinas terapêuticas são espaços para expressão de emoções e pensamentos. São muito importantes na condução do tratamento, pois é nesse espaço que o sujeito passa a ter uma melhor compreensão de sua subjetividade.

Referências:

BAPTISTA, F. Da identificação maciça a emergência do sujeito. Revista Mal Estar e Subjetividade, 2003. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid= S1518-61482003000100007

BENEVIDES, D.S. et al. Cuidado em saúde mental por meio de grupos terapêuticos de um hospital – dia: perspectivas dos trabalhadores de saúde. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, v. 14, n. 32, p. 127-138, jan./mar. 2010.

GUIMARÃES, A.C; CONTEL, J.O. Psicoterapia de grupo em hospital – dia psiquiátrico. Paideia, v.19, n. 44, p. 378 – 385, set./dez. 2009.

Nayara Liberato Romais

Graduada em Psicologia pela Faculdade Brasileira Multivix - Vitória. Possui experiência nas áreas Escolar, Social, Clínica e Saúde Mental. Exerce a prática clínica psicanalítica em consultório e não há um público específico a ser atendido, pois pela via da psicanálise trabalhamos com pacientes em sofrimento.

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