1Não IA

Demissexualidade: relações com conexão!

Por Ana Macarini

Entre quatro paredes cada um faz o que quer certo? Bem… mas também pode ser sem parede nenhuma, na praia por exemplo… tem gente que não se importa com a areia. Por outro lado, há quem aprecie um pouco mais de privacidade, mas não ligue tanto assim para o conforto; nesse caso, uma barraca já vira cenário! Há ainda, quem goste de variar a questão das paredes e curta experimentar o lance na cozinha, na varanda, na sala de jantar, no banheiro da balada.

Todas essas ponderações fazem a gente encaminhar os pensamentos para um único ponto: sexo! Ou vai me dizer que você imaginou as cenas acima como a descrição de um jogo de dominó… Ahã! Me engana que eu gosto!

Acontece que, com relação à sexualidade, a maioria das pessoas é alossexual – não, isso não quer dizer que a galera curte sexo por telefone -, embora essa também não seja uma má ideia para algumas pessoas ou momentos da vida.

Os alossexuais compõem a maior parcela da humanidade e representam aqueles ou aquelas que sentem desejo sexual a partir de estímulos dos mais diversos: nudes, toques, filmes; sem necessidade de interações mais específicas com o parceiro, ou parceira, ou parceiros, ou parceiras.

O alossexual ao sentir-se estimulado, tem vontade de estar fisicamente com a outra pessoa – o que não necessariamente quer dizer que vá transar com ela -; muitas vezes pode só rolar uns beijos e carícias, mas é tudo pela questão da atração física mesmo. E essa postura sexual pode aparecer com a mesma frequência entre heterossexuais, homossexuais ou bissexuais. Esse grupo de pessoas entende que o envolvimento sexual não depende necessariamente de ligações afetivas.

No outro polo oposto da curva residem os assexuais, essa é a turma que não sente falta ou necessidade de sexo, ou de contatos físicos de natureza sexual com outras pessoas. O assexual pode até vir a se encantar por alguém, ou até mesmo se apaixonar, mas não sente tesão. E, não, isso não é uma doença, tampouco um desvio ou uma triste condição. É apenas um jeito de funcionar em relação à própria sexualidade. E, também neste caso, independe da orientação sexual.

O fato é que, mesmo que não nos demos conta disso, vivemos imersos numa cultura alossexual. A maioria das pessoas crê de verdade que o sexo é indispensável e que se alguém não tem necessidade dele, ou não dê conta de praticá-lo, está condenado a uma vida incompleta; e isso não é absolutamente uma verdade. Lembra da questão das quatro paredes?! Ora, há milhões de outras coisas para se fazer na vida além de sexo! Ou não?

E como tudo o que diz respeito à natureza humana é extremamente complexo, porque é que iria ser diferente com a nossa sexualidade? Em verdade, ela é tão intrincada que há entre os dois opostos – alossexuais e assexuais – um grupo considerável de pessoas que funcionam de forma muito mais específica em relação à sua libido: os demissexuais.

O demissexual só sentirá atração por outra pessoa se rolar desse encontro algo mais orgânico e ligado aos sentimentos do que uma simples atração física. É, também, aquele ou aquela que precisa gostar ou amar o parceiro para que seja estimulado o seu desejo. É… mas não exclusivamente. Pode acontecer de um demissexual sentir atração por um amigo, com o qual sinta-se à vontade, ou pelo qual tenha algum tipo de admiração ou vínculo afetivo.

Ser demissexual, numa cultura tão carnal como a nossa, não é tarefa fácil. Muitas pessoas desse grupo, em momentos da vida como a adolescência, por exemplo, no qual há uma efervescência da libido, manifesta e esperada pelos pares, sentem-se estranhas e desconfortáveis.

O demissexual nunca vai “pegar geral”, não vai “ficar” por ficar, não vai procurar sexo casual, simplesmente porque em sua natureza, essa não é uma necessidade. A demissexualidade pressupõe que para haver sexo tem de haver conexão. O desejo nasce de uma ligação anterior, que nada tem a ver com beleza ou porte físico. Há outras coisas envolvidas e que permeiam a sexualidade; o desejo nasce de um conjunto de estímulos afetivos e amorosos; amorosos, não, românticos.

E sabe de uma coisa, ninguém tem nada com isso. Se você é alo, demi ou assexual a questão é sua! E de mais ninguém! A gente precisa começar a entender que a diferença entre nós é a única permanência até o fim dos tempos. E em qualquer uma das inúmeras nuances que envolvem a nossa sexualidade, afetividade ou jeito de estar no mundo, cada um de nós merece respeito. Respeito e liberdade para sermos o que somos, e não o que esperam que a gente seja!

***

Imagem de capa: oneinchpunch/shutterstock

***

Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!”

REDAÇÃO PSICOLOGIAS DO BRASIL

Os assuntos mais importantes da área- e que estão em destaque no mundo- são a base do conteúdo desenvolvido especialmente para nossos leitores.

Recent Posts

Pessoas que sofrem depressão usam estas palavras com mais frequência

Um estudo publicado na revista científica Clinical Psychological Science revela que pode haver uma maneira…

5 dias ago

Regulamentação de jogos de azar no Brasil: como as novas leis afetam o mercado e os jogadores

Descubra por que o mercado brasileiro de jogos virtuais é tão popular, como ele está…

7 dias ago

Por que tantas pessoas interessantes estão solteiras?

Bom, para começo de conversa, sei que tem muita gente solteira por opção. Gente que…

1 semana ago

Casal de aposentados comprou 51 cruzeiros seguidos: “Mais barato que casa de repouso”

Marty e Jess Ansen trocaram a rotina de uma casa de repouso por um estilo…

1 semana ago

Atriz revela que não beijava namorado na frente da filha e explica o motivo

Carol Castro e Bruno Cabrerizo namoraram por dois anos e a relação chegou ao fim…

1 semana ago

Mãe oferece pagamento para quem quiser ser amigo de seu filho com síndrome de Down e é surpreendida

Ela postou em sua página no Facebook uma mensagem oferecendo US$ 80 (cerca de R$…

1 semana ago