Há cerca de três anos a fotógrafa Sibylla Ventura, de 37 anos, se dedica a realizar os mais divertidos ensaios fotográficos, tendo como retratados aqueles a quem muitas vezes acusam de viver à mercê da melancolia, os idosos. Responsável pelo Projeto Relicário, seu objetivo é mostar ao maior número de pessoas que envelhecer não é sinônimo de tristeza, tampouco de angústia.
O projeto teve início em junho de 2016, quando Sibylla fez o ensaio fotográfico dos 60 anos de casados dos avós. Dois meses depois, seu avô faleceu. Aquelas fotos, tiradas em um momento de muita alegria para a família, foram as últimas que ele participou em vida.
“O meu avô quando mais novo era fotógrafo. Como ele sempre gostou de foto, eu propus o ensaio simbolizando o amor e a união deles, e os dois concordaram. Como eu estava com alguns acessórios no carro, peguei corações e objetos para colocar em cena no Orquidário. Quando postei as fotos dos dois no Facebook, teve uma repercussão grande, todo mundo achou legal, por conta deles serem idosos”, detalha.
A ideia de fazer do seu trabalho com os idosos o seu foco surgiu aí. Desde então, Sibylla leva alegria para os idosos do Lar Valentino. “Tive a ideia de criar o projeto. Fui conversar com uma amiga porque queria um nome forte, simbólico. E a gente cogitou Relicário, que porta relíquias mesmo”, relembra.
De 2016 a 2018, a fotógrafa realizou mais quatro ensaios. Neste ano, foram dois. Em cada take, ela escolhe tema, figurino, e, se necessário, até monta cenários. O objetivo de Sibylla é fazer com que os idosos se sintam o centro das atenções e dos flashs da sua câmera.
“Eles se sentem especiais, é como se fossem estrelas. Ficam bem eufóricos também. No dia dos ensaios, junto de oito a dez voluntários da área da beleza. Os idosos ganham penteados, maquiagem e unhas pintadas. Antes, faço uma pesquisa do tema, procuro roupas em brechós, acervo pessoal, peço ajuda de familiares e amigos. E monto o figurino de todos”, explica a fotógrafa.
Sibylla explica que ver um idoso posando para fotos divertidas é algo que acaba instigando uma mudança de olhar para essas pessoas que vivem a “melhor idade”.
“Os ensaios temáticos servem para desmistificar um pouco essa ideia de que o idoso é ligado a tristeza, a angústia, principalmente quando a gente fala de um idoso que está em uma casa de repouso. Com os ensaios consigo extrair sorrisos, brincadeiras, alegrias… Por meio do projeto eu notei que muita gente passou a ver o idoso de outra forma, passou a compreender que o idoso não é um final triste”, pontua.
No dia do ensaio, a fotógrafa conta com a ajuda dos profissionais da casa de repouso; ela coloca uma música que tenha a ver com o tema e assim, faz os idosos se soltarem, à medida que consegue extrair mais sentimentos e expressões genuínas na fotografia.
“Eu recebo a lista dos idosos que vão participar e arrumo a quantidade de figurino. Só que às vezes chega o dia do ensaio e muitos falam que não vão participar, por terem Alzheimer. E como as fotos são feitas nos intervalos do lanche, é tudo muito rápido e dinâmico. Não é fácil conduzir, mas o resultado é compensador. Acho que os ensaios servem para elevar um pouco da autoestima deles. Quem participa sente um pouco isso.”
Para Antônia Oliveira Gonçalves, de 92 anos, a Dona Antônia do Lar Vicentino, os ensaios fotográficos são motivos de felicidade. “Eu adoro, me sinto muito feliz”, afirma.
Kelly Farias, 33 anos, assistente do Lar Vicentino, vê o Projeto Relicário como valorização da terceira idade. “As fotos traduzem a beleza e a expressão do doso. Quando comunicamos aos residentes sobre um novo ensaio eles ficam ansiosos e na expectativa do grande dia. A reação após o ensaio é de alegria e satisfação, eles sempre agradecem a oportunidade.”
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Desatques Psicologias do Brasil, com informações de Razões para Acreditar e A Tribuna.
Fotos: Sibylla Ventura.
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