Frequentemente, quando uma nova era desponta na história, um MITO brota ao mesmo tempo, como se fosse uma pré-estréia do que vai acontecer, trazendo em si sábios conselhos para lidar com os elementos psicológicos desse período.

Estamos no limiar de uma era, e o mito que se nos desponta é o de Eros e Psiqué, visto que o AMOR e a individuação são os principais pontos de busca do ser humano desse novo período da história.

Algo bonito a respeito do inconsciente na personalidade humana é quando chega o tempo de crescer, quando as velhas formas, os velhos hábitos, pavimentam o caminho e dão as boas-vindas aos novos. As velhas formas de agir parecem perseguir as novas que desabrocham, mas, quem sabe, talvez seja a maneira correta de dar à luz uma nova consciência.

É importante lembrar que um mito é algo vivo que existe dentro de cada um de nós. Seremos capazes de captar-lhe a forma viva e verdadeira se o imaginarmos como uma espiral girando sem cessar dentro de nós; poderemos sentir como o mito está vivo dentro da nossa própria estrutura psicológica. Todo “grande” mito é o registro simbólico de um estágio de crescimento na vida de um Ser na busca da sua individuação; é um de-vir, isto é, um vir-a-ser que pulsa latente do inconsciente e se traduz em linguagem a ser decifrada pelo consciente.

O Mito nos mostra os conflitos e as ilusões potenciais da existência autêntica, mas também as possibilidades contidas na situação existencial presente. E, em certo sentido, nada é mais causador de conflito quanto a distinção do que seja o amor. Muitos o colocam em lugar onde certamente ele não se encontra, outros o confundem com outros sentimentos ou lhe atribui sentido equívoco, uma miscelânea de carência, desejo, poder… O fato é que por amor, o ser humano vem provocando guerras e, ao mesmo tempo, por confundi-lo com procriação, vem povoando a terra com entes mal amados porque de certa forma não desejados, não programados, um acidente de percurso no itinerário do amor. Afinal, o que buscamos quando dizemos que estamos “a amar” ?

A história de Eros e Psiqué é um mito pré-cristão e ainda hoje nos diz muito. Isto porque a química do corpo humano não mudou muito de lá para cá, assim como também a dinâmica do inconsciente psicológico continua a mesma. As necessidades básicas do ser humano, tanto físicas quanto psicológicas, permaneceram fixas, embora a forma de serem satisfeitas tenham variado no decorrer do tempo e dependendo do lugar.

Por essa razão é que, quando queremos estudar os padrões humanos, tanto de comportamento quanto de personalidade, é muito elucidativo irmos às fontes primeiras: o Mito.

– André Lacerda – Psicanalista

Psicologias do Brasil

Informações e dicas sobre Psicologia nos seus vários campos de atuação.

Share
Published by
Psicologias do Brasil

Recent Posts

Tendências e desafios para bancos no Brasil

Lidar com a inovação tecnológica, regulação e gestão de riscos fazem parte da agenda diária…

10 horas ago

Dicas para escolher fragrâncias que combinam com sua personalidade

Saiba como montar uma perfumaria alinhada ao seu estilo pessoal, compreendendo as famílias olfativas, escolhando…

4 dias ago

Para que serve o furinho na colher de espaguete?

Ele parece um detalhe sem importância, mas o pequeno buraco no meio da colher de…

5 dias ago

Você sabe o que ela ganha? Comissária de Dubai abre salário e benefícios inacreditáveis de companhia aérea

Comissária de bordo viraliza mostrando salário real e benefícios de luxo em companhia de Dubai…

5 dias ago

“Eu odiava feministas — até entender por quê”: a reviravolta de Cíntia Chagas emociona e divide opiniões

Antifeminista arrependida? Cíntia Chagas explica o que a fez repensar tudo sobre o movimento

5 dias ago

Procuro psicóloga com experiência e preço justo em Socorro e região: Josie Conti

Com atuação nacional e internacional e mais de 20 anos de experiência, Josie Conti, psicóloga…

5 dias ago