SOCIEDADE

Mãe revela que colocava pano sobre o carrinho porque sentia “vergonha do filho”

Bernie Wood, moradora de Talbot House, hoje tem 85 anos de idade e reflete sobre uma jornada de vida que começou há mais de quatro décadas. Em 1978, ela era uma jovem mãe de 38 anos, enfrentando os desafios de criar cinco filhos e trabalhando em dois empregos. Foi nesse período tumultuado que ela deu à luz Geoffrey, seu filho com síndrome de Down, um momento que inicialmente trouxe mais medo e rejeição do que alegria.

“Naquela época, as pessoas costumavam usar termos pejorativos para descrever crianças com necessidades especiais. Eu tinha 38 anos, dois empregos, e me senti completamente perdida. Rejeitei Geoffrey completamente”, relembra Bernie. “Eu não o queria. Dizia a mim mesma que não sabia como ser mãe de ‘um deles’, que eu não amava ‘aquilo’. Eu não queria levá-lo para casa, eu colocava um pano sobre seu carrinho de bebê porque eu estava muito envergonhada e culpada, e eu simplesmente não sabia nada sobre criar uma criança com as necessidades de Geoffrey”

O peso da culpa e da frustração era esmagador. Bernie admite que seus pensamentos eram sombrios e desesperados, chegando ao ponto de considerar maneiras de eliminar Geoffrey de sua vida. Sem qualquer suporte ou compreensão sobre como criar uma criança com necessidades complexas, ela se sentia uma fracassada.

A virada em sua vida veio de forma inesperada em uma noite fatídica. Planejando abandonar sua família, Bernie encontrou uma placa que mudou seu destino: “Você é pai de uma criança com necessidades especiais e sente que o mundo está ganhando de você?” Foi assim que ela descobriu o Peter Pan Centre, agora conhecido como Talbot House, um grupo de apoio para pais de crianças com necessidades especiais.

“Eles salvaram minha vida”, afirma Bernie. “Eu estava no meu limite quando conheci outros pais que entendiam exatamente o que eu estava passando. Compartilhamos nossas histórias, nossos medos e nossas esperanças. Foi a melhor noite da minha vida.”

A partir daquele momento, Bernie começou a viver um dia de cada vez, transformando seu desespero em determinação. Os médicos haviam dito que Geoffrey não viveria além dos cinco anos, mas Bernie se dedicou a fazer tudo o que pudesse por seu filho. Ela o inscreveu em aulas de exercícios e se envolveu cada vez mais com o grupo de apoio.

Com o tempo, Bernie se tornou uma figura central na Talbot House, que oferece uma ampla gama de serviços para famílias de pessoas com necessidades complexas, desde suporte emocional até ajuda prática com moradia e benefícios. “Este lugar é administrado por pais para pais, e é isso que nos torna únicos. Você não pode fazer isso sozinho, nenhum homem é uma ilha”, diz Bernie.

Geoffrey, o filho de Bernie, tem síndrome de Down — Foto: Reprodução/ Manchester Evening News

Geoffrey, agora com 46 anos, continua prosperando, desafiando as expectativas iniciais dos médicos. A Talbot House, financiada pelo Manchester City Council, é elogiada por seu impacto na comunidade. “Temos famílias aqui que pensaram em suicídio e nós as salvamos”, afirma Bernie.

Apesar dos avanços, Bernie reconhece que o estigma ainda persiste. “O estigma ainda permanece, é a natureza humana, mas melhorou. Crianças com necessidades complexas não são mais escondidas como antes. Nós, como sociedade, evoluímos e devemos continuar a promover essa visibilidade e aceitação.”

A história de Bernie Wood é um poderoso testemunho de resiliência e transformação, mostrando como o apoio comunitário pode transformar vidas e trazer esperança onde antes havia desespero.

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