Fabíola Simões

Nossas digitais não se apagam das vidas que tocamos

Dia desses recebi um vídeo lindo e tocante pelo WhatsApp e tive que salvar no celular. Nele, havia uma reflexão belíssima acerca do amor e seu poder de transformação. Sobre como a falta de amor torna as coisas insignificantes; e sobre como o transbordamento de amor torna tudo extremamente perfeito.

No texto, atribuído a Arto Tudjarian, dizia-se: “Dedicação, sem amor, é escravidão. Trabalho, sem amor, vira obrigação. Filhos, sem amor, se tornam um fardo. Amigos, sem amor, se tornam colegas. Doação, sem amor, se torna hipocrisia. Beleza, sem amor, se torna vazio. Caridade, sem amor, se torna falsidade. Família, sem amor, se torna parente. Mãe, sem amor, se torna apenas mulher. Pai, sem amor, se torna apenas homem. Carinho, sem amor, se torna interesse. Uma pessoa, sem amor, se torna amarga. No entanto… Fatos, com amor, se tornam lembranças. O choro, com amor, se tornará um abraço. Um olhar, com amor, se tornará compreendimento. A estrada, com amor, se tornará o caminho. Um trabalho, com amor, se tornará um prazer. Filhos, com amor, se tornarão dádivas. Amigos, com amor, se tornarão irmãos. Carinho, com amor, se tornará sentimento. Caridade, com amor, se tornará realização. Um casal, com amor, se tornará cúmplice. Respeito, com amor, se tornará admiração. Preocupação, com amor, se torna cuidado. O dia a dia, com amor, se tornará felicidade…” 

Enquanto escrevo esse texto, uma tia, que com amor virou mãe, enfrenta sua última escalada. Não sabemos quanto tempo resta, mas fico aqui refletindo sobre as marcas que ela deixou. No quanto os fatos que vivi ao lado dela se tornaram lembranças. No quanto seu olhar se tornou compreendimento. No quanto ela conseguiu deixar suas digitais na minha vida e em outras vidas que tocou.

Memórias… Quando falo sobre memórias, é sobre esse sopro de amor que damos a todas as vidas e coisas que falo. Sobre conseguirmos transformar simples fatos em lembranças, depois deles terem sido tocados por nosso afeto e sensibilidade. Um presente é só um objeto, mas se atribuímos sentimento e significado ao objeto, ele se torna uma memória, um souvenir que traz de volta alguém ou algum lugar. Uma música é só uma música, mas pode se tornar referência de uma época, de alguém ou de um estado de espírito no instante em que seu significado ultrapassa o arranjo das notas e traz junto as emoções que essa melodia desperta.

O sentimento de conexão acontece quando o outro torna eterno aquilo que eu também eternizo. Quando uma simples conversa de bar, uma mensagem descomplicada entre duas pessoas, uma música dedicada a alguém, um trecho de livro, um elogio inesperado ou um abraço carregado de afeto permanecem além do tempo, porque se consolidaram como memórias. Porque acessaram o que havia de sagrado e eterno dentro da gente, e serão como digitais, para sempre presentes…

*Dedico esse texto à doce tia Regina, que com seu sorriso e amor soube transformar vidas e tornar-se eterna. Amo você…

Foto de Hassan OUAJBIR da Pexels

Fabíola Simões

Escritora mineira de hábitos simples, é colecionadora de diários, álbuns de fotografia e cartas escritas à mão. Tem memória seletiva, adora dedicatórias em livros, curte marchinhas de carnaval antigas e lamenta não ter tido chance de ir a um show de Renato Russo. Casada há dezessete anos e mãe de um menino que está crescendo rápido demais, Fabíola gosta de café sem açúcar, doce de leite com queijo e livros com frases que merecem ser sublinhadas. “Anos incríveis” está entre suas séries preferidas, e acredita que mais vale uma toalha de mesa repleta de manchas após uma noite feliz do que guardanapos imaculadamente alvejados guardados no fundo de uma gaveta.

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Fabíola Simões

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