Marcel Camargo

Respeite a intensidade das pessoas

Dizem que há pessoas que sentem muito e outras que sentem pouco. Há quem pense ser quem mais demonstra o que mais sofre ou o que mais se sente feliz. Isso porque as pessoas costumam se ater tão somente ao que veem, ao que se aparenta, haja vista a superficialidade que baliza as relações entre as pessoas e o mundo, atualmente. No entanto, há muito, mas muito mais coisas acontecendo dentro de cada um de nós e nem sempre manifestamos algum traço externo do que ferve em nosso íntimo.

O mundo anda cada vez mais rápido, tornando-nos apressados e compromissados além da conta, o que nos impede de nos demorarmos em frente ao outro, entendendo-o além do que a superficialidade oferece. Mal temos tempo de analisarmos o que acontece dentro de nós, imagina se conseguiremos parar e compreender o que se passa dentro de quem está lá fora. Estamos tão preocupados em aparentarmos uma boa imagem e em comprarmos os bens que enchem os nossos olhos, que relegamos ao segundo plano as essências – a nossa e a de quem for.

Fato é que as pessoas possuem a sua própria maneira de sentir o mundo e de lidar com tudo o que lhes acontece. A forma como reagimos ao que ocorre envolve tudo o que já temos dentro de nós e iremos nos manifestar conforme o que temos acumulado aqui dentro. Muitas vezes, por exemplo, um fato qualquer acaba por ser o estopim que abre a torneirinha de nossas emoções e, assim, a gente deságua um monte de dores acumuladas a partir de um fato nem tão doloroso assim. Tudo o que até então estava guardado extravasa intensamente.

Injusto é ficar julgando a forma como o outro sente as coisas. Injusto é cobrar do outro mais, ou menos, intensidade naquilo que sente, sendo que ninguém sabe o que acontece dentro de cada um, a não ser a própria pessoa. Não é uma enxurrada de lágrimas que irá nos mostrar o quanto a pessoa sofre. Não são as gargalhadas que comprovarão a felicidade que a pessoa pode estar sentindo. E mais, algumas pessoas sentem tudo de uma forma intensa, exacerbada, porque é assim que se reequilibram. Cada um volta a si de uma forma peculiar – o importante é se juntar de novo.

Perderemos e ganharemos ao longo de nossa jornada, faz parte da roda do mundo essa gangorra de acontecimentos que nos dão e nos tiram, assim, de repente, de forma imprevista e, não raro, cruel. Ninguém precisa analisar e julgar as reações das pessoas ao que lhes acontece; entender que cada um tem suas razões e seu tempo já basta. A dor é de cada um, mas a empatia é uma necessidade de todos. Bem isso.

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar".

Recent Posts

Pessoas que sofrem depressão usam estas palavras com mais frequência

Um estudo publicado na revista científica Clinical Psychological Science revela que pode haver uma maneira…

6 dias ago

Regulamentação de jogos de azar no Brasil: como as novas leis afetam o mercado e os jogadores

Descubra por que o mercado brasileiro de jogos virtuais é tão popular, como ele está…

1 semana ago

Por que tantas pessoas interessantes estão solteiras?

Bom, para começo de conversa, sei que tem muita gente solteira por opção. Gente que…

1 semana ago

Casal de aposentados comprou 51 cruzeiros seguidos: “Mais barato que casa de repouso”

Marty e Jess Ansen trocaram a rotina de uma casa de repouso por um estilo…

1 semana ago

Atriz revela que não beijava namorado na frente da filha e explica o motivo

Carol Castro e Bruno Cabrerizo namoraram por dois anos e a relação chegou ao fim…

1 semana ago

Mãe oferece pagamento para quem quiser ser amigo de seu filho com síndrome de Down e é surpreendida

Ela postou em sua página no Facebook uma mensagem oferecendo US$ 80 (cerca de R$…

2 semanas ago