TOC é a sigla usada para o Transtorno Obsessivo Compulsivo. O TOC é um transtorno mental caracterizado pela presença de obsessões, compulsões ou ambas. As obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens indesejáveis e involuntários, que invadem a consciência causando ansiedade ou desconforto e obrigando o indivíduo a executar rituais ou compulsões que são comportamentos físicos ou mentais em resposta às obsessões, com a intenção de afastar ameaças, prevenir possíveis falhas ou simplesmente aliviar um sintoma físico. No TOC os indivíduos procuram ainda evitar contado com determinados lugares (hospitais, cemitérios), objetos que outras pessoas tocam (dinheiro, telefone público, maçanetas) ou até mesmo pessoas como forma de obter alívio dos seus medos e preocupações.

Para diagnosticar o TOC é preciso que os sintomas já existam há algum tempo e que comprometam o dia a dia do indivíduo, afetando a vida pessoal, profissional e social. A doença quase sempre apresenta pequenos sintomas na infância e se desenvolve na adolescência. O tratamento é longo e é feito através de medicação prescrita e acompanhada por psiquiatra, e também por psicoterapia. Existem muitas especulações a respeito do diagnóstico do TOC e por isso devemos entender que, nem todas as manias caracterizam um quadro do transtorno.

Muitos adultos se incomodam com quadros tortos na parede, já deve ter evitado pisar nas emendas entre pisos nas calçadas ou goste de arrumar as camisas seguindo as cores em degrade. Alguns arrumam os livros de forma ordenada, do maior para o menor e checa se fechou mesmo a porta ou a janela antes de dormir. Estes são exemplos de comportamentos de ordem e checagem que, apesar de característicos de quem tem TOC, isolados e sem comprometer a vida do indivíduo não sinalizam por si só o transtorno. Outro exemplo são os rituais de limpeza. Há quem precise tomar banho imediatamente após chegar do cemitério ou do hospital. Há quem passe pano com álcool em toda a compra do mercado e há quem não consegue dormir sem que a louça da pia esteja toda lavada. Um sintoma isolado como este não significa que você tem TOC, é preciso que se leve em conta questões culturais. Você pode estar apenas reproduzindo um comportamento aprendido ou pode estar escravo de um hábito, esquecendo-se de exercitar a liberdade, percebendo que podemos sim mudar as regras um dia ou outro.

Se você conta os carros enquanto viaja como passageiro, ou se soma os números das placas, seu cérebro pode até estar se comportando obsessivamente, porém, se isso não te aprisiona, ou seja, se você consegue parar, significa que não ultrapassou o limite do que chamam normalidade. Alguns indivíduos relatam criar rituais ou associação de eventos imaginando que se não os fizerem algo de ruim vá acontecer, ou então, fazem associações para que algo de bom aconteça. Um exemplo é: “se eu vir um carro X é sinal de que tal coisa vai acontecer”. Chamamos esses pensamentos de superstições e eles são bem característicos de quem tem TOC, porém bem comuns também em quem não o têm. As superstições são passadas de geração para geração sem que sejam questionadas e muitas vezes criadas por nós mesmos como forma de “pseudoproteção”.

O que quero deixar claro é que, um único sintoma não fecha um diagnóstico. Assim como alguns indivíduos têm padrões de comportamento mais depressivos ou mais ansiosos, outros têm obsessivos. São características que podem não estar atrapalhando nem prejudicando a vida e a rotina, das quais você pode se libertar com facilidade.

Uma dica importante que faz parte do tratamento do TOC e que também pode ajudar muito quem tem apenas alguns dos comportamentos descritos acima é tentar quebrar o padrão. Faça exatamente o contrário do que de costume. Ao chegar em casa, guarde as compras sem o tal pano com álcool. Volte do hospital e tome banho horas depois. Desarrume livros e guarde as roupas aleatoriamente. “Esqueça” coisas fora do lugar e interrompa as contagens. Todas às vezes nas quais exercitamos ou forçamos o nosso cérebro a se comportar de forma diferente, exigimos dele mais do que de costume e treinamos novas habilidades. Procure quebrar todos os rituais que muitas vezes podem estar sendo feitos sem que se perceba.

Aos pais e educadores, muita atenção às crianças que se preocupam demais com simetria, sequência e limpeza. Como já alertei, o TOC se inicia na infância e tem seu auge sintomático na adolescência. A doença tem cura, eu mesma já presenciei muitos pacientes que se livraram dos rituais e se libertaram do sofrimento. O quanto mais cedo o quadro for diagnosticado e tratado, melhores serão os resultados.

Viviane Battistella

Psicóloga, psicoterapeuta, especialista em comportamento humano. Escritora. Apaixonada por gente. Amante da música e da literatura...

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