COMPORTAMENTO

Viver é um exercício de desapego

A necessidade de praticarmos o desapego é uma daquelas coisas que todos sabemos ser preciso colocar em prática, mas pouco tentamos ou nem ousamos tentá-lo. Demoramos tanto a obter bens, a conquistar as pessoas, que acabamos nos prendendo emocionalmente a tudo o que pensamos ser nosso. Vã ilusão essa que nutrimos, a respeito de nosso suposto poder sobre o que está ao nosso redor. Nada é, como diz Caye, tudo está.

Existem pessoas que se prendem ao cargo que ocupam, sentindo-se proprietários de poder sobre aqueles que qualificam como subalternos. Do alto de sua pretensa superioridade, mandam e desmandam, ditando ordens, desmerecendo o trabalho do outro, numa atitude autoritária que denota tão somente fraqueza de caráter e insegurança emocional, pois quem é capaz e sabe disso lidera de forma natural e saudável.

Há aqueles que se acham donos da pessoa com quem mantêm um relacionamento amoroso, a ponto de controlar-lhe os passos exageradamente, cerceando-lhe a liberdade de escolha, o respirar pessoal, descaracterizando o companheiro em tudo o que é próprio de sua humanidade, em tudo o que na verdade deveriam valorizar. Não conseguem amar de verdade, pois nada enxergam além do próprio umbigo, perdendo a chance da entrega completa e visceral que renova a alma.

Certas pessoas apegam-se aos bens materiais de maneira doentia, tornando-se mesquinhas, egoístas, de forma a não tolerarem ver alguém utilizando algo que é seu. Possuem casas na praia inabitadas, mesmo no verão, livros empoeirados e nunca lidos, carros impecáveis que não levam ninguém a lugar algum, móveis suntuosos cobertos por lençóis, longe da poeira e do calor humano. São tão pobres, que a única coisa que têm é dinheiro.

Outros se tornam vítimas da própria ignorância, enclausurados que se encontram nas escuridões de ideias e de pontos de vista rançosos, que lhes impedem o avançar natural em meio ao novo que se descortina à nossa frente diariamente, ininterruptamente. Não mudam, não saem do lugar, não se abrem ao diálogo, não se despem de preconceitos e de julgamentos pré-concebidos e excludentes. Perdem toda e qualquer oportunidade de ampliar o espectro de suas visões, diminuindo as chances de assim encontrarem a felicidade.

Há quem viva no passado, negando-se a experenciar o presente e perdendo oportunidades de se preparar com segurança para o amanhã. Agarram-se ao tempo que já foi, à infância que acabou, ao amor que já não é, à juventude que se perdeu, ao amigo que saiu de suas vidas, sem ao menos se permitirem a descoberta do novo que se encontra bem ali ao lado, estendendo-lhes as mãos em vão, todos os dias.

Valorizarmos nossas conquistas e as pessoas que se encontram junto de nós não significa, como muitos tendem a pensar, manter tudo isso numa redoma intocável, na ânsia de preservarmos o que pensamos ser nosso de maneira incólume à passagem do tempo, ao curso da vida. Não controlaremos as ocorrências a que estamos sujeitos, tampouco o que acontecerá com as pessoas e os bens à nossa volta, mesmo que queiramos. É utopia.

Porque a vida tem que seguir, o tempo tem de passar, as coisas têm de acabar, as pessoas têm de partir, assim como nós também um dia partiremos, deixando para trás tudo o que tanto prezávamos. Tudo passa, tudo começa e termina, menos o amor – o amor eterniza tudo o que em nós for humano, for verdadeiro, for invisível aos olhos, porém essencial à beleza mágica de que se constitui o ritmo da vida.

Photo by picjumbo.com from Pexels

Psicologias do Brasil

Informações e dicas sobre Psicologia nos seus vários campos de atuação.

Recent Posts

A produção que parece filme: Anthony Hopkins estrela épico de gladiadores que já está no Brasil

Você ainda não viu nada igual: Anthony Hopkins em série de gladiadores com escala de…

1 dia ago

Você usa sal rosa? Anvisa identifica falha grave em sal do Himalaia — veja os lotes proibidos

Investigação da Anvisa derruba venda de sal do Himalaia moído — saiba se o seu…

1 dia ago

Após perder 75kg, Thaís Carla surge irreconhecível e chama atenção no Baile de Halloween da Sephora

“Nem parece a mesma!” — Thaís Carla surpreende com transformação após perder 75kg

1 dia ago

Tendências e desafios para bancos no Brasil

Lidar com a inovação tecnológica, regulação e gestão de riscos fazem parte da agenda diária…

3 dias ago

Dicas para escolher fragrâncias que combinam com sua personalidade

Saiba como montar uma perfumaria alinhada ao seu estilo pessoal, compreendendo as famílias olfativas, escolhando…

7 dias ago

Para que serve o furinho na colher de espaguete?

Ele parece um detalhe sem importância, mas o pequeno buraco no meio da colher de…

1 semana ago