Comportamento Sexual

5 coisas que você não sabia sobre a pedofilia

Casos graves de abuso sexual de crianças aparecem nas capas dos jornais com frequência. Há muita confusão, porém, na forma como o assunto é tratado na esfera pública. A ciência, nas últimas décadas, avançou muito na compreensão do fenômeno da pedofilia tanto do ponto de vista biológico quanto do social. A GALILEU selecionou alguns fatos que te ajudarão a compreender um dos crimes mais brutais que existem, com consequências incalculáveis para a saúde mental e física de centenas de milhares de crianças todos anos.

Nem todo abusador de crianças é pedófilo, e nem todo pedófilo pratica crimes sexuais

O termo “pedófilo” se refere à pessoa que sente atração sexual por crianças. Isso não significa que todo pedófilo seja um abusador ou consuma conteúdo pornográfico infantil, nem que todo ato de violência sexual praticado contra uma criança  seja cometido por um pedófilo. De fato, há, na literatura científica, registro de pedófilos que buscaram tratamento para conter sua libído sem terem praticado nenhum crime. Por outro lado, há muitas ocorrências de estupro de crianças perpretadas por homens que não possuem fixação sexual por menores de idade, principalmente nos casos de incesto, em que há laços familiares entre os envolvidos. Segundo o artigo The Neurobiology and Psychology of Pedophilia: Recent Advances and Challenges (A Neurobiologia e Psicologia da Pedofilia: Avanços Recentes e Desafios), disponível aqui, só cerca de 50% dos casos de abuso sexual infantil são praticados por pedófilos.

Há menos substância cerebral branca em pedófilos, o que dificulta as conexões cerebrais

Nas últimas décadas, a neurociência passou a analisar a influência de fatores biológicosna atração sexual por crianças. E já há descobertas relevantes na área.

James Cantor, da Universidade de Toronto, descobriu, em 2007, que há menos substância branca nos cérebros de pedófilos. Esse conjunto de células gliais e axônios mielíticos é responsável, entre outras funções de apoio, pelo isolamento elétrico e conexão entre as várias partes do órgão.

Os problemas de conexão poderiam ajudar a explicar as distorções comportamentais, transformando o instinto de proteção que um adulto costuma sentir em relação a uma criança em desejo sexual.  Os resultados foram publicados em 2008, na 3º edição doPeriódico de Pesquisa Psiquiátrica, da Elsevier.

Ninguém escolhe ser pedófilo

A pedofilia é uma condição psicológica, provavelmente incurável, para a qual ainda há poucas alternativas de tratamento. É, em resumo, uma espécie de orientação sexual com preferência etária, que possuí, claro, as mais severasimplicações éticas.

Uma solução para conter o impulso sexual é tomar medicação que reduza os níveis de testosterona do corpo. É comum que pedófilos sofram de outros transtornos psicológicos, situação que, combinada à redução da libído, acaba exigindo o uso de antidepressivos. Sessões de terapia, claro, podem colaborar, mas não há evidência científica de que elas funcionem de maneira sistemática.

Pedófilos, em geral, não tiram prazer só do ato sexual, mas da convivência com a criança

O pedófilo, em geral, tem dificuldades no convívio social com outros adultos. Por outro lado, podem estabelecer fortes laços emocionais com as crianças abusadas, que vão além do simples prazer sexual. É incerto se essa é sempre uma tática de aproximação que torna a criança mais propensa a confiar no abusador ou se o pedófilo sente um bem estar genuíno na convivência com menores de idade, que substituí os laços sociais que não estabelece com pessoas da mesma faixa etária.

Para piorar a situação, é comum que, devido à aproximação, a criança não perceba claramente o momento da transgressão, e que, mesmo que se sinta incomodada pelo ato, não faça objeções por medo de pôr em risco sua relação com o abusador. Nem sempre há ameaças diretas. A psicóloga Judith Becker, especialista em tratamento de pedófilos da Universidade do Arizona, afirmou ao Daily Beast que parte da solução para o problema é justamente aumentar a aproximação com outros adultos.

Só uma parcela minúscula dos crimes sexuais contra crianças chega às autoridades

Nos EUA, o National Center for Victims of Crimes (Centro Nacional de Vítimas de Crimes) calcula que 1 a cada 5 meninas e 1 a cada 20 meninos já tenham sofrido alguma forma de abuso sexual, um valor muito inferior ao registrado pelas autoridades criminais. Informações detalhadas estão disponível do artigo Violence, abuse, and crime exposure in a national sample of children and youth (Violência, abuso e exposição ao crime em uma amostra nacional de crianças e jovens), de professores da Universidade de New Hampshire.

Os casos brutais de violência sexual infantil exibidos nos noticiários, porém, são uma parcela pequena das ocorrências. Na maior parte das vezes, a pedofilia se manifesta em formas de abuso menos perceptíveis. A mera observação de crianças em situações cotidianas, especialmente quando há maior exposição do corpo, é comum. Amasturbação na frente de crianças e carícias com intenções ambíguas também são recorrentes. Nos casos de incesto, descobrir o que ocorre é ainda mais difícil.

Como explicou o ginecologista Jefferson Drezzet, do hospital Pérola Byington, em entrevista à GALILEU, “com crianças, a maior parte dos casos é praticada por pessoas conhecidas, e, do total desses conhecidos, 80% ou 90% faz parte do núcleo familiar. Pai, padrasto, irmão, tio materno, paterno, avô, cunhado, etc. Há também um grupo muito grande de pessoas que não são do núcleo familiar, mas que têm acesso privilegiado à rotina da criança.  Isso torna muito difícil a identificação e interrupção do abuso.”

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