COMPORTAMENTO

A gente avisa, avisa e avisa de novo; daí a gente cansa…

Um dos males que minam os relacionamentos vem a ser o costume, quando nos acostumamos demais com a pessoa e passamos a banalizar aquilo que ela possui de mais verdadeiro. Com isso, paramos de prestar atenção ao que ela diz ou demonstra, como se nada mais pudesse ser capaz de abalar os sentimentos dela para conosco. É como se, uma vez instalada a afeição, o amor e o comprometimento, tudo isso duraria para sempre. Não, não é tão simples assim.

Não podemos achar que somente a conquista de alguém já é garantia de que estaremos juntos dali em diante. Assim como tudo o que há, aquilo que não for cuidado, regado, alimentado e revivido, acaba arrefecendo, murchando, secando, morrendo enfim. É assim com as pessoas, com os sentimentos, com os objetos, é assim também com o amor. Nada é para sempre, a não ser o que for verdadeiro, o que ficar dentro de nós, o que nos fizerem, os sorrisos, as mãos dadas, cada “bom dia” e “boa noite”.

E a gente tenta sempre fazer dar certo, porque a gente quer que dê certo, quer amar e ser amado para sempre, com tudo, apesar de tudo, mas sobretudo quer. E os dias começam a se arrastar e a gente vai avisando, vai alertando, chamando, como que implorando por atenção, por ser alguém de novo na vida do outro, que está seguindo sem nós. A gente avisa, avisa, a gente avisa de novo e de novo. E chega o dia em que a gente cansa, cansa de vez, cansa de uma vez por todas.

E o mais interessante é que, geralmente, o outro parece somente cair em si quando nós já não temos mais forças para tentar, quando esvaziamos por completo qualquer traço de afetividade de dentro de nós, quando já decidimos, já resolvemos, quando nossa dignidade não mais nos permite continuar ali. Dias, meses, anos de alerta, de sofrimento, de conversas, discussões, tudo em vão. Então, quando a pessoa nos vê de malas prontas, só assim percebe que não viverá sem nós. Sinto muito, já era.

Ninguém consegue suportar fazer o papel de um nada por muito tempo, porque não há força capaz de ser mais forte do que a dor do vazio, do retorno que nunca chega, da reciprocidade que nunca é sentida, expressa, falada, explícita. E a gente simplesmente se cansa e, quando isso acontece, nada poderá nos convencer a ficar, pois então já será tarde demais.

Imagem capa:  View Apart, Shutterstock

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar".

Recent Posts

Psicologia de um Apostador Inteligente: O Que o Distingue da Multidão

No universo das apostas esportivas, é fácil imaginar que o sucesso depende apenas de acertar…

6 minutos ago

Você sabe qual é o vegetal que estimula o colágeno e ajuda a combater a dor no joelho?

Ele é verde, fácil de encontrar e pode ser a chave para fortalecer suas articulações…

5 horas ago

Psicóloga analisa personagens de ‘Vale Tudo’ e revela o que a novela diz sobre nós

Com um olhar clínico, a psicóloga Tatiane analisa os principais personagens de Vale Tudo e…

6 horas ago

Pessoas com este traço de personalidade são mais propensas a insônia

Você sabia que certos traços da sua personalidade podem influenciar diretamente sua qualidade de sono?…

1 dia ago

Roberta Miranda revela vício e psiquiatra alerta: “A pessoa perde o controle”

A cantora Roberta Miranda surpreendeu seus fãs ao revelar um capítulo delicado de sua trajetória.

1 dia ago

O que a psicologia diz sobre pessoas que sempre vão embora das festas mais cedo

Descubra o que a psicologia diz sobre quem prefere "sair à francesa" de festas e…

2 dias ago