Parte das angústias que sentimos e que nos mantém em desarmonia com nós mesmos e com pessoas do nosso convívio são provenientes das discórdias que passamos no passado.

Quando olhamos para trás notamos que ainda temos ressentimentos com aqueles que fizeram ou fazem parte da nossa relação: pais, parentes, amigos, irmãos, esposa (o), filhos etc. São pessoas que um dia nos trouxeram um dissabor ou desentendimento, nos magoaram e causaram algum tipo de dano, seja ele físico, mental ou até mesmo material.

Sempre que recordamos os fatos, parece que as cenas se reconstroem a tal ponto de se tornarem presentes. Como se tudo estivesse acontecendo naquele exato momento. Desta forma, os sentimentos se reavivam e na medida em que isso acontece, voltamos a sentir raiva, ficamos ruborizados e angustiados. O coração dispara para dar conta desta necessidade e a mágoa, aquele sentimento que ainda nos persegue se aflora novamente, nos deixando inquietos e mal humorados.

Dizer sim ao passado é procurar entender e relevar a cada uma destas lembranças que ainda nos causam dor. Não é uma tarefa fácil, pois exige, acima de tudo, um exercício de compreensão e tolerância para com o próximo.

E porque as pessoas nos ferem? Porque nos magoam? Muitas das vezes são pessoas que teriam por obrigação nos amar e nos prover de atenção e carinho, mas nem sempre acontece desta forma.

Neste momento de reflexão, olhe para trás e procure compreender que se o outro agiu daquela forma é porque naquele momento, para ele, era o melhor que sabia fazer. Não tinha como ser diferente, pois naquele instante, era daquela forma que pensava e às vezes o fazia sem imaginar que pudesse estar produzindo algum mal. Simplesmente agia, mandava, retaliava, punia, proibia ou qualquer outro ato nos deixando contrariados. Atuava impulsionado pela vontade de prevalecer a sua verdade, revestido da imperfeição a qual todos nós estamos sujeitos e que ainda não nos livramos por inteiro.

Dizer sim ao passado nos permite procurar compreender que um dia fomos contrariados por alguém que ainda não era perfeito e que tudo o que fez, foi levando-se em consideração a carga de conhecimentos e valores de que dispunha naquela época.

Não se pode exigir que ninguém faça aquilo que não está ao seu alcance. Não podemos exigir de uma criança que tenha comportamentos de adulto, pois ainda não faz parte do seu repertório, seja por inaptidão seja por imaturidade.

Se conseguirmos enxergar nosso desafeto desta forma, estaremos dando um enorme passo em busca da compreensão e da tolerância. Procure entender que esta marca que trazemos do passado é fruto de um momento inconsequente e visto desta maneira, deixará de nos representar um trauma registrado em nossa mente que ainda nos faz mal. Olhar para trás com piedade e sem ressentimentos nos faz mais livres quanto aos nossos sentimentos, nos liberando para olhar para frente em busca daquilo que realmente nos satisfaz e faz bem.

Que o passado seja somente uma fonte de lembranças e aprendizado deixando de ser algo que nos incomode para se tornar um marco que nos ajude a crescer.

Falando ou escrevendo desta forma, em principio parece um exercício fácil de realizar, porém vai exigir de nós um elevado grau de maturidade e reflexão, mas que sem sombra de dúvidas na medida em que avançarmos nestes sentimentos mais estaremos preparados para não mais sofrer ou nos sentir incomodados com as marcas que ficaram para trás.

Augusto Amaral Dutra

Com atuação nas áreas de Psicologia Clínica e Organizacional. Na psicoterapia individual, possui especialidade no acolhimento de jovens, adultos e casais. Graduado pela Universidade São Judas Tadeu. Vivencia de mais de 30 anos na área corporativa em cargos de liderança nível gerencial. Formado também em Administração de Empresas pela PUC-SP e Pós-graduado em Marketing, pela ESPM. Consultório: Alameda Olga, 422 – sl 113 – Barra Funda – São Paulo/SP Fone (11) 9 9933 5486

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