COLABORADORES

“É preciso ler?”

‘Eu realmente preciso ler?’

Já ouvi muito essa pergunta. E, pasmem, até de alunos de cursos de pós-graduação.
Certa vez, um rapaz que acabara de concluir a graduação, confessou jamais haver lido um único livro. Perguntado sobre como cumprira a lista de leituras exigidas no vestibular, respondeu-me que havia lido resumos emprestados de uma colega.

O exemplo é desolador quanto às possibilidades de construção de formações profissionais sólidas e confiáveis, mas o fato é que há estudantes que não consideram a leitura, mesmo remotamente, uma atividade necessária.

E o mais angustiante é o fato de tal realidade ser mais corriqueira do que se possa imaginar.

É impossível não lamentar os prejuízos advindos desse cenário para o desenvolvimento de competências essenciais. Sem leitura é impossível aprender a manejar conceitos; elaborar ideias; exercer criticidade com fundamentação; construir teias de pensamentos lógicos e coesos; expressar-se fluentemente e argumentar de forma consistente.

Quando pensamos no processo de formação de qualquer pessoa, ignorar os poderes que derivam da leitura é como garimpar pedras preciosas descartando os melhores veios. Por isso, é preciso não perder oportunidade de levar até nossas crianças e jovens o valor da leitura e seus benefícios para a vida.

E os caminhos que levam a isso não passam pela coação, por exortações morais ou coisa parecida.

Os leitores precisam ser atraídos, seduzidos para os encantos e benefícios da leitura. Crianças e jovens adoram mistérios, histórias de encantamentos e poderes mágicos. E que atividade encerra mais esses predicativos do que uma boa leitura? É preciso aproveitar esse potencial mágico para aproximar jovens e livros, criando oportunidades de expor as vantagens da leitura e dar exemplos dos doces frutos do hábito de ler.

O escritor Alberto Manguel diz no livro ‘Uma História da Leitura’, que ‘Quando nós aprendemos a ler é como se adquiríssemos um novo sentido, além dos cinco que possuímos’.

Sábio e oportuno argumento, quando precisamos aproximar os jovens com o mundo dos livros. Teatro, jogos, televisão, contação de histórias, fantoches, leitura grupal, leitura dramatizada e mímica, podem funcionar muito bem nas primeiras aproximações. No caso dos jovens e universitários, os educadores precisam deixar nítida a função formativa da leitura e sua ligação indissociável com o preparo para a profissão.

Para além, da formação escolar, a leitura teve e tem para muitas pessoas, até certo caráter redentor. Quantas pessoas viviam presas a realidades restritas ou de grande vulnerabilidade e, tornando-se leitores mudaram suas vidas. Não faltam exemplos desses casos. Personalidades literárias, políticas e históricas relatam como a leitura operou transformação impressionante nas suas histórias. Machado de Assis e seu apego aos livros ilustra esse fenômeno de forma significativa.

Mas não precisamos nos distanciar tanto para comprovar o valor da leitura. Basta começar agora. Pegar um livro, chamar um amigo, o filho, um educando ou qualquer pessoa que esteja distante dos livros e convidá-lo a voar junto nas asas da leitura para bem longe do tédio que há em um mundo pobre de livros.

Imagem de capa: Shutterstock/WAYHOME studio

Liduína Benigno Xavier

Psicóloga, Mestre em Educação, formação em Facilitação de Processos humanos nas organizações, a escritora é consultora organizacional há mais de vinte e cinco anos; É autora do livro: Itinerários da Educação no Banco do Brasil e Co-autora do livro: Didática do Ensino Corporativo - O ensino nas organizações. Mantém o site: BlogdoTriunfo que publica textos autorais voltados ao aperfeiçoamento pessoal dos leitores e propõe reflexões que ajudam o leitor a formar visão mais rica de inquietações impactantes da existência.

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