Minha experiência como docente indica que atualmente as pessoas utilizam pouco o termo acima citado: Rapport.

A exemplo de Gestalt (no Gestaltismo) ou Trieb (na psicanálise), Rapport não oferece uma boa tradução na língua portuguesa. Talvez a palavra mais próxima seja empatia, que muitas vezes é confundida com simpatia. Então vamos definir o que é simpatia antes de falar do Rapport.

Deve ser entendido no ambiente psicológico que, quando simpatizamos com alguém,  isso ocorre APESAR de todas as questões racionais. Se vemos um filme, é muito comum simpatizarmos com o bandido independentemente de ele ser bandido. Obviamente isto extrapola o racional!

Por outro lado, dizemos que a pessoa antipatiza com alguém quando, antes de prévia racionalização, ela já nutre sentimentos negativos acerca de uma pessoa, grupo de pessoas, coisa ou situação. Você, por exemplo, pode antipatizar com alguém independente de esta pessoa estar fazendo algo certo ou não. Temos como uma situação comum a antipatia com oficiais de trânsito em geral. A pessoa que é multada por descumprir uma norma de tráfego,  ao ser parada por um agente de tráfego, imediatamente antipatiza com ele, apesar de o agente estar cumprindo o seu papel social, que é muito importante por sinal.

Deixando claro isso, então temos que empatia ou Rapport dentro do setting da psicoterapia não significa em absoluto você estar simpático às demandas do seu cliente de forma indiscriminada. Rapport é compreender as demandas do cliente e, a partir desse sentimento, estabelecer uma relação profissional que facilite os passos de toda dinâmica psicoterápica.

Ao público leigo, é importante entender essas diferenças porque é comum a confusão com relação ao papel do psicólogo, como se ele tivesse o dever, não de compreender a pessoa, mas sim, de aceitá-la simplesmente do jeito que é, tomando como correto tudo que ele fala.

Importante que se ratifique: isso na verdade é uma atitude incorreta, por muitas vezes o cliente alimentar fantasias em relação ao papel do psicoterapeuta consigo. É importante o psicoterapeuta direcionar o seu trabalho a não alimentar falsas expectativas ou fantasias acerca do trabalho profissional ou acerca do papel do psicólogo em relação aos clientes em geral. Por vezes, o profissional de Psicologia é confundido com o “amiguinho pago” do cliente, que deve tratá-lo bem e não contrariá-lo.

Esse não é o papel correto da Psicologia. Estamos ali para prestar um serviço profissional baseado em técnicas e conhecimentos científicos comprovados por especialistas da área e respaldadas pelo Conselho Federal de Psicologia.  Se um psicólogo “embarca” na fantasia do cliente e passa a agir conforme as expectativas dele, simplesmente não há trabalho profissional, e sim como um mero “papo de amiguinhos”, o que pode futuramente vir a prejudicar bastante.

Dito tudo isso, quando falamos da psicoterapia com uso auxiliar de Hipnose Clínica, é importante sanar fantasias acerca da técnica junto aos clientes.  É muito comum recebermos curiosos acerca da técnica que querem se submeter a hipnose por mera futilidade, ou pessoas que, sem ter nenhuma necessidade para tal ou indicação clínica para o uso da Hipnose, acreditam que, por ser hipnose, elas podem ser prontamente curadas de qualquer problema magicamente… Uma fantasia bastante incorreta sobre o uso da Hipnose em ambiente psicológico.

Assim, o melhor conselho, tanto para cliente como profissional, para elaborar um bom Rapport e atingir as metas necessárias ao cliente e ao seu profissional, é estabelecer um relacionamento honesto, franco e aberto; em que o cliente irá descrever suas necessidades e expectativas e o profissional de Psicologia irá demonstrar como ele pode ajudá-lo por meio dos critérios técnicos e científicos que a Psicologia o autoriza.

Prof. George Olisan

Psicólogo - Avaliação Psicológica & Testes Psicológicos - Psicoterapia Ericksoniana (Hipnose Clínica) - Perito e Docente em Concursos Públicos (PMERJ & ACADEPOL) Mestre em Psicologia - Elaboração de Pesquisas e Instrumentos de Medida Pesquisador - Instituto de Psiquiatria da UFRJ Fundador do Centro Carioca de Avaliação Psicológica & Treinamento

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Tags: Rapport

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