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Lágrimas no paraíso

Quando ocorre a morte de um filho, os pais sentem um choque profundo e forte com essa dor, pois eles sofrem e choram a perda de – um pedaço de si mesmo, que nunca mais voltará, um pedaço da alma que se parte em centenas de pedaços e nem o tempo, com sua sabedoria, será capaz de juntar e colar esses estilhaços.

 

O que os pais fazem com essa dor pela perda de um filho? Alguns sofrem em silêncio sepulcral. Outros gritam ao mundo as suas feridas. E há aqueles que pegam as dores e as transformam em declaração de amor. Foi o que o que fez Eric Clapton, que compôs a canção Lágrimas no Paraíso para externar o sentimento pela morte do filho de 4 anos.  O menino caiu acidentalmente, em 1991, da janela de um prédio em Nova York.

 

Os pais acreditam que segundo a lei da natureza e divina deveriam morrer antes de seus filhos.  Mas isso, infelizmente, não é um princípio da vida. O escritor José Saramago resumiu essa dor: “Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado”.

Nesse momento muitos pais clamam a Deus que troquem uma vida pela outra. São manifestações de corações despedaçados por um sentimento insuportável. Cada pai e mãe sentirá a dor da perda do jeito que as condições lhe permitirem. Dor é dor e nunca conseguiremos entender tudo que percorre na mente e no peito dos pais que vivenciam a perda dos seus filhos.

A evolução da vida continua e os pais sabem que é preciso aos poucos recompor o que está esfacelado, da maneira que puderem e mesmo com as feridas ainda abertas, para superar o difícil caminho do luto.  Eric Clapton disse: “Usei a canção para tentar curar minha dor”. Nesta estrofe, ele canta, que não haverá mais pranto no céu:

 

O tempo pode te deixar deprimido
O tempo pode fazê-lo curvar-se
O tempo pode despedaçar o seu coração
Fazê-lo implorar por favor
Implorar por favor

Além do escuro
Há paz
Com certeza
E eu sei que não haverá mais
Lágrimas no paraíso


Assim os pais chorem o que tiver para chorar, mas não fechem seu coração, não percam a chance de reaprender a sorrir. Sobretudo, se têm outros filhos – que precisam de seus pais. Com diz o verso da música: “Eu encontrarei o meu caminho pela noite e pelo dia, porque eu sei que não posso ficar aqui no paraíso. ”

Jackson César Buonocore

Jackson César Buonocore Sociólogo e Psicanalista

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