Marcel Camargo

Muitas vezes, nem é personalidade forte, mas apenas uma pessoa chata mesmo

Sim, precisamos expor nossas contrariedades, ou acumulamos cicatrizes aqui dentro de nós, tornando-nos cada vez menos felizes. No entanto, há que se ter discernimento suficiente para não confundir sinceridade com grosseria indelicada. É perfeitamente possível ser autêntico sem precisar gritar ou ofender as pessoas, embora não consigamos manter o equilíbrio o tempo todo.

Não podemos nos ferir dia após dia, por medo de machucar os outros, relegando a nós próprios para um segundo plano, em favor dos demais. Poucos respeitarão os nossos limites, caso não deixemos claro até onde o outro pode avançar. Mesmo assim, ninguém precisa ser indelicado e deselegante para fazer valer os espaços de sua dignidade, confundindo a construção do respeito com autoritarismo e repressão.

Infelizmente, muitas pessoas comportam-se com atitudes grosseiras e intimidantes, a fim de impor seus pontos de vista, como se a autoridade somente se valesse do medo alheio. Até mesmo se justificam com a desculpa de terem personalidade forte, de serem geniosas, tentando esconder sua falta de educação e sua chatice atrás de uma condição inata. Que personalidade forte, que nada, muitas pessoas são é chatas!

Nada do que falarmos ou fizermos contentará a todo mundo, isso é fato. Entretanto, existem pessoas que sempre estarão prontas para contradizer e diminuir tudo aquilo que estivermos dispostos a oferecer. E, pior, haverá, ainda, quem descontextualizará cada fala nossa, de forma a parecer que dissemos exatamente o oposto do que realmente falamos. Distorcerão cada palavra, cada atitude nossa, fazendo pouco caso da gente, dia e noite, noite e dia.

Esses tipos são tão cansativos, tão incômodos, tão chatos, que será difícil não nos aborrecermos inutilmente com cada um deles. E assim agirão de propósito, porque não se aguentam nem aguentam conviver com quem consegue sorrir naturalmente. Devem se sentir muito mal por dentro e tentam espalhar esse mal-estar aos demais, na esperança de serem menos infelizes, menos odiáveis, menos chatos – muito provavelmente, nem eles próprios se suportam.

A gente se engana demais com os outros, mas também se engana muito com a gente mesmo, porque o que os outros veem na gente nem sempre corresponde a como a gente se vê. Tomemos, então, o cuidado de não justificarmos atitudes e comportamentos que, na realidade, deveríamos mudar. Ninguém é obrigado a suportar gente chata. Ninguém.

Imagem de capa: file404, Shutterstock

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar".

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