O psicanalista inglês Adam Phillips, analisa que hoje as pessoas têm mais medo de morrer do que no passado, manifestando uma preocupação descomunal com o envelhecimento, com acidentes, doenças, etc, como se o mundo pudesse existir sem essas coisas. Phillips também descreve que o conceito de uma vida boa foi substituído pela de uma vida a ser invejada. É por isso que temos muitos programas sobre a vida das celebridades, pois existem pessoas que necessitam viver a vida dos outros, uma vez que não conseguem lidar com a sua própria existência.
Na questão da sexualidade todo mundo fala de sexo, mas ninguém diz nada saudável. Uma conversa estereotipada atrás da outra, como expõe a grande mídia, exibindo até mesmo um reality show que apresentou cenas incestuosos entre os participantes, como se fosse uma coisa a ser invejada. Como diz o sociólogo Zygmunt Bauman: “A incerteza diante do futuro pode explicar o aumento do uso de antidepressivos e a intensa busca por entretenimento como formas de afastar essa sensação. ”
Na mesma linha de raciocínio de Bauman, o psicanalista inglês constata que estamos cada vez mais infelizes, com o estilo de vida que levamos, sendo por isso que nos consultórios, qualquer tristeza é chamada de depressão. Isto é, sentimentos que deveriam ser lidados com parte da natureza humana. Assim difunde-se a ideia de que existe um “gene” que poderia explicar o alcoolismo, o sofrimento psíquico, a infelicidade, a falta de atenção, a tristeza, etc, que transformariam os pacientes em portadores de distúrbios de comportamento e de aprendizagem.
No século 14, se as pessoas fossem perguntadas sobre o que queriam da vida, diriam que buscavam a salvação divina. Hoje a resposta é: ser rico e famoso. Por essa razão que a teologia da prosperidade lota os templos de fiéis, que são sugestionadas acreditar que Deus dá cura imediata das doenças, dá carros, dá casas e dá o sucesso aos crentes. Uma riqueza invejada, que se evapora, porque não está alicerçada nos ensinamentos e na vida de Cristo.
Podemos entender isso, utilizando uma metáfora de Bauman, que diz quando a utopia passa a ser deixada de lado na sociedade líquida, o caçador volta a tomar lugar do jardineiro e as regras fixas do equilíbrio da natureza voltar a produzir formas variadas e variantes, em que a condição humana volta a ser dominada por uma angustia e insegurança insustentáveis. Então, busca-se as respostas, aqui e agora, nos modelos de vida a ser invejados.
No entanto, os pais e a escola têm inteligência para criticar esse conceito de vida a ser invejada, como propõe Phillips: “Precisamos educar as crianças a interpretar a cultura em que vivemos, ensiná-las a ser críticas, mostrar que as propagandas não são ordens e devem ser analisadas. Uma coisa precisa ficar clara de uma vez por todas: embora reclamem, as crianças dependem do controle dos adultos”.
Imagem de capa: Shutterstock/Mila Supinskaya Glashchenko
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