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O medo nosso de cada dia

O que falar do MEDO nosso velho conhecido que não seja tão óbvio mas que nos lembre que é importante cuidar?  Já sabemos que podemos ter reações físicas evidentes ou não quando sentimos medo. Tais como: sudorese, taquicardia, entre outros. Podemos também identificar logo que estamos nos sentindo amedrontados ou ele fica atrás de uma TONALIDADE, ou seja, de uma forma menos aguda ou aparente, mas fazendo parte da nossa vida cotidiana de uma forma bastante prejudicial.

Eu gostaria de destacar duas tonalidades em especial. A PREOCUPAÇÃO, isto é, como a própria palavra diz PRÉ-OCUPAÇÃO, ocupar-se antes com, antecipar e, com isso, a pessoa não está presente na ocupação real da situação. Ela está em um tempo futuro e não pode agir exatamente por não ter acontecido nada ainda. Na verdade, gostamos da antecipação, de nos preocuparmos porque nos dá a sensação de que podemos controlar, resolver, quase que de antemão. Dá uma falsa sensação de poder.  

Mas a preocupação vai minando as nossas forças, o nosso poder de ação porque nos perdermos no mar de possibilidades ruins e nos sentimos pequenos diante de tanto. Além disso, nos desconectamos de nós mesmos e até do nosso corpo porque é um processo mental, racional que ficamos imersos. É o MEDO encoberto por uma capa de racionalização e controle.

A outra tonalidade do MEDO é o ENCOLHIMENTO. Colocar-se de uma forma econômica, vivendo a cultura do mínimo em todas as experiências, provocando uma invisibilidade. Por que a gente se encolhe? Por vergonha, por educação, por sentir-se incompetente, por achar que o outro é melhor, por medo das consequências, por ser ferido, por medo de não dar certo, pelas frustrações e muito mais.

Justifica-se como uma atitude necessária para certa situação. Por causa de déficit financeiro, não é possível realizar tal sonho e acaba que não realiza sonho algum porque cada vez mais vai havendo complicações e dificuldades. Daí fica fácil dizer que é por causa da situação de crise no mundo, ou por uma causa mais nobre, ou seja, porque tenho que dar lugar ao outro, ou basta simplesmente constatar que não dá pelas coisas não serem do jeito que queremos na vida, no mundo.  A questão é que, a longo prazo, encolhemos nossos sonhos, nos conformamos com a vidinha de mesmice e, consequentemente, nos encolhemos na vida.

Então, como poderíamos enfrentar o MEDO NOSSO DE CADA DIA? Será que existe alguma possibilidade de curar-se do MEDO? Ou, mais humildemente, de cuidar do MEDO que nos abate?

Existe uma face do MEDO em que podemos vê-lo como algo benéfico, isto é, bem conduzido. O seu aspecto de PROTEÇÃO, ou seja, o cuidado consigo e com o outro. Essa PROTEÇÃO pode ser desenvolvida com a fé em si mesmo, por exemplo, através da experiência de acreditar-se capaz de cuidar de si lembrando-se das boas experiências de atenção consigo próprio. Além disso, cultivar a fé no outro e, dessa vez, lembrar das boas experiências que houveram nas diversas relações com ele. E, por fim, caso tenha alguma ligação com algo Maior no Universo, fortalecer a fé no Divino e, nesse caso, lembrar o que te faz bem nessa conexão com o Sagrado.

Aprender a proteger-se conforme acima é uma jornada sábia que fará com que o MEDO possa ser vivido por uma outra perspectiva não mais como aquele que domina, subjulga, e sim, como um aliado que nos faz acertar o prumo.

Gabriela Bessa Barreto

Psicóloga com Mestrado em Psicologia Clínica pela UFRJ e Formação em Psicoterapia Fenomenológico-Existencial. Consteladora Familiar. Dedica-se aos atendimentos clínicos individuais de crianças, adolescentes e adultos desde 1998, realiza atividades em grupo como oficinas vivenciais sobre temas da existência, tendo trabalhado como co-terapeuta de grupo inclusive.

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