COMPORTAMENTO

Por histórias de amor onde acabar solteiro também é final feliz.

E as namoradinhas? E os namoradinhos? Pergunta aquele parente distante na reunião de família. Você fica meio sem saber o que dizer. Depois, reclama em algum lugar, talvez no twitter ( lugar de todas as reclamações), talvez com amigos.

Sim.
Você é uma pessoa solteira.

Se estivesse namorando, casado, provavelmente sendo boa a relação, o desejo fosse que você assim permanecesse. Mas quando se é solteiro, mesmo que você esteja bem, vão querer ver isso acabar. Porque parece um fracasso para a sua história de vida terminar seus dias assim.

Poderíamos dizer que essa ideia vem do cristianismo que quer você construindo uma família tradicional, mas nem me parece. O próprio Apóstolo Paulo, autor de diversos livros da Bíblia, falava numa vidinha de solteiro como final. Também poderíamos culpar o cinema, livros, músicas, tanta coisa. Mas quando você descobre que talvez estar solteiro seja uma boa e nota as pressões contra isso, análises históricas mundiais não servem de alívio, no máximo dá algum entendimento inicial, conteúdo pra um bom textão no Facebook.

Olha, lá, está todo mundo namorando.
Seu amigo do ensino médio casou.
Sua amiga já tem um menino lindo.

E você aí.

Sim, nós aqui. Não que a ideia de ter algum relacionamento seja cadeia. Por vezes estar solteiro também é uma prisão. Liberdade é algo indomável. Mas se nós nos sentirmos confortáveis em estarmos nesta condição, ora, que bom termos diversas opções de nos encontrarmos. Nada contra casamentos, namoros, mas olha que magnífico pode ser descobrir na solitude um lugar pra si mesmo.

É preciso dissociar solidão de estar solteiro. Isso deve fazer bem até para os casais mais apaixonados.
Facilmente podemos nos sentir sozinhos dentro de um relacionamento e, para que algo perdure é preciso entender e não martirizar a solidão que a outra pessoa sentir perto da gente. Só é possível ser uma boa companhia se você entende que não será uma companhia que suprirá todas as necessidades afetivas de alguém.

Pra namorar a alma humana, bem namorada, é preciso deixá-la um tanto solteira. Beijá-la não porque é sua, como propriedade, mas dela mesma, como um encontro. Quando você tem a necessidade de prender uma alma, não poderá receber nem dar o Abraço. O Abraço é dado por braços soltos.

Também é preciso dissociar compromisso de cadeia. Um dos mitos mais fortes que cercam nossas relações é que a vida de solteiro é livre de seriedades. Uma pessoa solteira também presta, mais cedo ou mais tarde, satisfações. Todas as relações sociais têm disso. Mais cedo ou mais tarde você vai explicar algo e querer explicações. Nada disso precisa ser um peso, nem para solteiros, nem para quem tiver em alguma relação. O caminho é aprender quais explicações estamos dispostos a dar e quais não estamos. E lidar com as consequências. Elas sempre existirão.

Por essas coisas e por outras, ao invés de perguntar cadê o namoro, seria melhor perguntar como é que essa alminha em busca de vida está.

Pode ser que ela esteja bem ou esteja mal, mas isso nem sempre tem a ver com estar ou não namorando, porque toda alma é assim mesmo. Chora, ri, fica brava. E algumas podem ter seus finais felizes juntas de outras, abraçadas num lugarzinho por aí. Mas outras, caso necessitem em suas histórias, de ficar solteiras, que fiquem. Que fiquem bem e tenham coragem.

O que importa mesmo é acabar bem os próximo fins do mundo.

Ah, fica a oração. Que relações que fazem mal acabem, que gente solteira que quer e sabe ter alguém encontre um coraçãozinho, e que até os fracassos deixem seus olhos mais brilhantes. Todas essas coisas cafonas que digo agora podem tornar essa vida mais bonita.

E quando a tia perguntar cadê o namorinho, diz assim.
Tô feliz, tia.

Deixa a tia chamar felicidade de namoro, tudo bem ela não conhecer ainda outros nomes, outras possibilidades, você vai ter outros natais pra explicar. Estressa não, calminha te deixa melhor, tá?
E você, meu bem, ou quem tem um bem, se uma hora dessas for embora, que a gente possa se olhar e se dizer.

Obrigado por ter passado por mim.

Alan Lima

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