Quanto mais pessoas, menos solidariedade. O Efeito Espectador.

Por Júlio Melo

A vida de mendigo é um ciclo vicioso daqueles que dificilmente acaba de sofrimento e indiferença por parte quase totalitária das pessoas que passam por estes pobres andarilhos.

Não tenha medo de mendigos, eles são pessoas como você e não são animais irracionais, o pior que pode acontecer se você for gentil com um mendigo é que ele te pedira um dinheiro, porque ele REALMENTE precisa. Com certeza mais do que você.

Cientistas estudaram um fenômeno chamado Difusão de Responsabilidade que dá origem ao Efeito Espectador, que não só diz respeito sobre como as pessoas as vezes não ajudam os amigos em momentos de necessidade, mas também explica o que acontece sociologicamente com um mendigo.

Difusão de Responsabilidade é um fenômeno psicológico que se caracteriza pela inibição do fator solidariedade contraposto com a quantidade de pessoas no recinto. Sim, quanto mais pessoas, menores são as chances de você ajudar alguém numa situação emergencial ou se mover para fazer alguma coisa. É inversamente proporcional. Terrível não ?

O que acontece é que com mais pessoas, você pensa inconscientemente:

  • “Ah, alguém vai ajudar aquele cara que ta caindo no bueiro”
  • “Ixi, não vou ajudar não, vai que alguém briga comigo porque estou fazendo errado”
  • “alguém deve fazer boca-a-boca melhor do que eu, deixa ali.”

Este é o Efeito Espectador. As pessoas são espectadoras, observadoras.

Esta corrente de pensamentos obviamente tende a passar mais vezes acompanhando a quantidade de pessoas.Se tem mais pessoas, maiores as chances de alguém ” saber fazer melhor ” do que você não é ?

Isso explica também aqueles trabalhos de faculdade / escola em grupo, onde um cara sempre se recusa a fazer/ajudar o trabalho até o fim, sempre tem um peso. Faz sentido agora ?

Para provar que isso é o que realmente acontece, uma dupla de cientistas, Darley & Latané em 1968 fizeram os primeiros experimentos que contemplavam a Difusão de Responsabilidade e o Efeito Espectador.
Numa dada pesquisa, numa situação emergencial atuada, um indivíduo em 80 % dos casos ajudava a outra pessoa enferma. Quando estava acompanhado de mais 1 pessoa, a ocasionalidade de ajuda diminuiu para 62 %. Quando num grupo de 4 pessoas, o numero abaixou ainda mais para surpreendentes 31%.

utra pesquisa também foi feita, pelos mesmos autores. 1 estudante estudava numa sala quando de repente os cientistas jogavam uma bomba de gás ( inodoro e inofensivo ) dentro do recinto. O estudante sozinho demorava 5 segundos para perceber e se mover sobre isso.
Testaram então com 4 indivíduos que não se conheciam, e os botaram estudando no mesmo local. Ao jogar a bomba de gás, o grupo demorou cerca de 20 segundos para perceber o que estava acontecendo. Quatro vezes a mais do que apenas uma pessoa.

Darley & Latané explicam que isso se deve por exemplo a uma pressão exercida pela cultura, cultura da etiqueta. É ensinado na etiqueta em diversos lugares que olhar em volta e se distrair é falta de educação, como resultado, o sujeito coibido pela maior quantidade de pessoas se pressiona a prestar atenção somente nesse grupo ou então, fingir, para não ser coibido pelo grupo. Isso ocasionaria a morte, talvez.

Por que começou o artigo falando sobre mendigos ? óra, só pense. Passam 200 pessoas na frente de um mendigo, “alguém vai ajudar” não é ?

Júlio Melo é estudante de psicologia e escreve no Cartoonista

Psicologias do Brasil

Informações e dicas sobre Psicologia nos seus vários campos de atuação.

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