Marcel Camargo

Se beber, não dirija e nem entre no Facebook

Ah, os arrependimentos; quantos a gente carrega vida afora. Quantos “e se” estão presentes em nossas culpas, martelando os nossos pensamentos e tornando nossas dúvidas ainda mais pungentes. Não conseguiremos refletir calmamente sempre que tivermos que tomar alguma atitude, mas prevenirmos um futuro intranquilo nos obriga a exercitar o pensar antes de agir, de falar, de postar.

Fato é que ninguém consegue ser moderado durante uma discussão acalorada, em meio a um problema imenso, quando estiver bem embaixo das tempestades, bem no centro de uma tormenta emocional. Frequentemente, falamos o que não devíamos a quem não merecia, principalmente às pessoas que nos são mais próximas, justamente porque com elas nos sentimos à vontade, inclusive – e infelizmente – para mostrar nossos piores lados.

E hoje, com a facilidade de acesso às redes sociais virtuais, temos ainda mais válvulas de escape para aliviarmos nossas angústias. Trata-se, porém, de um terreno perigoso, pois o que se publica é para sempre, mesmo que excluamos, porque os prints estão aí para eternizar tudo o que postamos, inclusive aquilo que não deveríamos ter escrito. Infelizmente, em poucos segundos, já poderá ser tarde demais para nos arrependermos.

É preciso ter a consciência de que o que se diz, o que se publica, o que se faz, mesmo quando estamos fora do nosso normal, ainda que estejamos passando por algum problema grave, atingirá e machucará outras pessoas, pois então já terá saído de nós e de nosso controle. Mesmo que sejamos perdoados, talvez as coisas nunca mais voltem a ser iguais. Porque a maioria das pessoas ao nosso redor não tem nada a ver com o que nos acontece e não são obrigadas a aceitar tudo o que fizermos.

Não será possível mantermos o equilíbrio o tempo todo, uma vez que enlouquecer, vez ou outra, fará com que nos livremos de pesos inúteis e nos coloquemos perante situações que incomodam. No entanto, será preciso tentar manter a calma quando a vida vier com suas rasteiras, ou estaremos passíveis de perder pessoas que são essenciais em nossa jornada. Como se vê, tudo tem sua hora certa, tanto a leveza quanto a gritaria.

Imagem de capa: aerogondo2/shutterstock

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar".

Recent Posts

Demorou dois anos pra estrear — e bastou uma semana na Netflix pra virar sensação nacional

Com roteiro baseado em um sucesso do Wattpad e fãs esperando há tempos, Através da…

4 dias ago

Essa produção da Netflix tem menos de 90 minutos — e vai bagunçar sua cabeça por dias

Charlie Kaufman não faz filmes para assistir no piloto‑automático. Em Estou Pensando em Acabar com Tudo…

4 dias ago

Parece só mais um drama comum… até você perceber que está emocionalmente destruída no último episódio (imperdível)

Tem filmes que não precisam gritar para esmagar seu emocional. Pieces of a Woman, disponível…

4 dias ago

Estado psicológico de um time: você precisa checá-lo antes de uma aposta?

Nas apostas esportivas, o acesso a estatísticas e a interpretação de estatísticas nunca foi tão…

1 semana ago

Nova série sobre Bolaños expõe que o criador de Chaves “não era um santo”, diz diretor

Quando uma biografia televisiva chega, ela mexe em memórias afetivas e também em gavetas que…

2 semanas ago

Desviar o olhar é mentira, vergonha ou timidez? Psicólogos revelam o que isso indica

Alguns segundos de silêncio acompanhados de olhos que escapam para a lateral podem mudar o…

2 semanas ago