Vamos diferenciar a tristeza comum da depressão?

Por Avair Guilherme Amaral de Carvalho

Quem nunca se sentiu triste, ou nunca acordou numa segunda-feira com um desânimo daqueles? Para além dos momentos de mau humor e das indisposições do dia a dia, existe um transtorno que pode nos predispor a problemas de saúde ou, nos casos mais graves, ao suicídio. Nesta matéria vamos conversar um pouco sobre a famigerada depressão e como diferenciá-la da tristeza do dia a dia.

Quando a tristeza aparece, podemos fazer a seguinte pergunta: “existe um motivo para me sentir triste?” Se a resposta for sim, a tristeza não é doença e até faz bem, pois demonstra que estamos reagindo aos acontecimentos desagradáveis que nos acontecem, ou seja, não estamos apáticos. Dificuldades, perdas, separações, carências e eventos estressantes nos deixam tristes, mas o depressivo não precisa de motivos para sentir tristeza, tais fatos só vêm para aumentar o sofrimento.

Uma segunda pergunta seria: “há quanto tempo estou sentindo tristeza?” Momentos de tristeza fazem parte da vida, porém quando a dor não vai embora e começa a atrapalhar as atividades diárias, como o trabalho, os estudos e os momentos de lazer é hora conversar com um terapeuta, ele irá avaliar a necessidade de psicoterapia e de uma avaliação com um psiquiatra. A tristeza que não acaba, mesmo quando os eventos negativos já passaram, pode ser sintoma de depressão.

O fato mais importante a observar é a capacidade de sentir satisfação, se já se perdeu o interesse pela vida e pelas atividades prazerosas, pode ser que a depressão já esteja instalada. O que acontece é que o cérebro da pessoa deprimida não produz suficientemente as substancias responsáveis pelas sensações de bem estar e felicidade, é como se estivesse impedido, pela química do cérebro, de sentir-se bem. Nesse momento é importantíssimo buscar tratamento, pois a depressão por tempo prolongado e sem acompanhamento pode levar ao suicídio.

A psicoterapia é a parte fundamental no tratamento da depressão, pois ajuda a pessoa a entender e lidar melhor com seus sentimentos, medos e desejos, buscar saídas e melhorar sua visão de mundo  e de si mesmo. Pode ser necessário também o uso de antidepressivos para repor as substancias que o cérebro não está produzindo bem, o profissional que avalia e prescreve esses medicamentos é o psiquiatra. Hábitos de vida saudáveis e prática de exercícios físicos também ajudam o corpo a produzir naturalmente as substancias que estão em falta.

Para finalizar, um fato inusitado: a depressão pode ser boa. Como assim?

Quem sobreviveu à depressão teve que aprender a lidar com seus medos e anseios, a expressar suas emoções, dores e frustrações. A crise depressiva é uma maneira de seu corpo e sua mente alertarem “Do jeito que você está, não dá pra continuar!!!”. Depois de aprender a ouvir a si mesmo e a lidar com suas dores, é muito provável que a pessoa se torne mais forte após tais experiências. Desta forma, superar uma depressão pode ser um grande aprendizado para a vida.

Avair Guilherme Amaral de Carvalho

Psicólogo Clínico graduado pela Universidade Federal de São Carlos.

Há 12 anos atua como psicoterapeuta de orientação Psicanalítica.

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