COMPORTAMENTO

Você não precisa ficar convencendo as pessoas de que você merece ser amado

Inúmeros colegas com quem convivi, ao longo de minha vida, romperam com quem parecia ser o amor de suas vidas e sobreviveram. Todos, de início, sofreram horrores e pensaram que não iriam conseguir suportar, mas suportaram. E se reergueram e amaram de novo. Alguns estão juntos até hoje, outros ainda procuram pelo amor certo.

Eu não consigo entender direito por que razão muitas pessoas confundem sentimento amoroso com costume, com apego. A gente deveria ter certeza absoluta a respeito do que tem que ficar junto porque faz um bem danado e do que tem que ficar para trás. Os sentimentos deveriam receber o discernimento que possuímos em relação ao espaço de nossas casas, pois a maioria de nós consegue identificar quais objetos são apenas entulhos, mas não consegue fazer o mesmo em relação às pessoas.

Se uma poltrona, por exemplo, não combina mais com a nova disposição de móveis da casa, a gente se livra dela. Se há mofo nas paredes, a gente manda pintar. Se o médico nos alerta sobre nossa pressão alta, tiramos o sal da dieta. Mesmo que seja difícil, a gente acaba fazendo. No entanto, quando se trata de relacionamentos afetivos, parece uma complicação tremenda lidar com aquilo racionalmente, enxergando a porcaria afetiva que a pessoa está trazendo para nossas vidas.

Creio que isso se deva ao fato de que, quando há pessoas envolvidas, os sentimentos ficam mais fortes, tão fortes que se embaralham aqui dentro. E a gente mistura tudo, ficando difícil distinguir os excessos que devem ser acalmados, os vazios que devem ser preenchidos, o que ainda tem jeito e o que não tem mais. A gente percebe claramente o objeto que está atrapalhando o nosso caminho, porém, quando se trata de um obstáculo sentimental, tudo parece hesitante.

Uma coisa é certa: é preciso fluidez. Tudo precisa fluir naturalmente, sem entraves, sem embaço, sem dúvidas de quaisquer tipos. Os sentimentos precisam de ida e volta, de contrapartida, de reciprocidade. Não dá para ficar insistindo, lembrando o outro de que nós existimos, de que estamos ali. É humilhante demais alguém ter que ficar provando que merece ser amado. Se não há retorno afetivo, então o que restou, sem dúvida, foi somente apego. E apego ruim, apego sem razão, sem necessidade, sem autoestima envolvida. Liberte-se disso. Para ontem.

***

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme Megarromântico

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar".

Recent Posts

Ciclone extratropical gera alerta de tempestade severa e vendaval em 8 estados NESTE FIM DE SEMANA

Um ciclone extratropical que nasceu no Pacífico e avança em direção ao Chile deve provocar…

5 horas ago

Rei da Arábia Saudita busca alguém para casar e promete pagar salário mensal inacreditável para nova esposa

Circula nas redes um suposto comunicado atribuído ao palácio real saudita prometendo R$ 280 mil…

5 horas ago

‘Tem 5 milhões de pessoas me condenando e isso dói”: Raul Gil quebra o silêncio e se manifesta sobre briga entre seus filhos na internet

Um vídeo divulgado pelo apresentador Raul Gil, 87, trouxe sua primeira fala direta sobre a…

5 horas ago

Faça este teste rápido com a mão: O simples gesto de encostar mindinho e polegar pode mostrar se você tem uma herança evolutiva rara

Muita coisa no nosso corpo é herança antiga. Algumas estruturas seguem úteis; outras ficaram como…

1 dia ago

O corpo avisa: veja os sintomas que aparecem de 1 a 3 meses antes da morte, segundo cientistas

Falar do fim da vida assusta, mas entender o que costuma acontecer ajuda famílias a…

1 dia ago

O que acontece no seu corpo segundos antes da morte? Ciência revela detalhes assustadores

Falar sobre morte é desconfortável, mas a ciência já descreve com alguma precisão o que…

1 dia ago