Ivonete Rosa

Não seja a muleta de alguém

Eu tenho certeza de que você conhece alguém que já tenha se prestado ao papel de muleta para alguém. Eu me refiro àquela pessoa que está sendo usada como curativo para o coração de alguém, mas, não se valoriza o suficiente para recusar essa condição.

É um perfil de pessoa que, por alguma razão, não se sente digna de ser amada por ser quem é, então, ela fica à espreita, na expectativa de encontrar alguém que esteja vivendo um luto amoroso para que ela possa oferecer seus cuidados e, quem sabe, ser recompensada com alguma migalha.

A pessoa se dedica integralmente a quem está em profundo sofrimento por um outro alguém, seja um(a) ex ou um amor platônico. Ela tem consciência de que não é admirada, não é desejada e, nem é alvo da atração do outro, mas, ela nutre a esperança de ser aceita por gratidão.

Lamentavelmente, essa pessoa vai se comportar como um cachorro espiando alguém se alimentar, à espera de que alguma migalha caia ao chão para que ele coma. Ela ficará sempre à disposição para enxugar as lágrimas do ferido, vai ouvir todas as lamúrias, vai se dar conta do quanto a pessoa é arreada os quatro pneus e o estepe por outra…mas, tudo bem, ela fica ali.

Há relacionamentos que nascem dessa dinâmica, o ferido acaba tentando esquecer o passado com essa pessoa que está ali, o tempo todo, disponível e sedenta por um fiapo de atenção. É o tipo de relacionamento mais deplorável que existe, você percebe claramente alguém se comportando como quem está fazendo um favor, sem nenhuma empolgação, sem brilho nos olhos e, um outro se desdobrando para agradar, desesperado(a) para se tornar prioridade na vida de quem a trata como uma opção fajuta.

O tempo passa, o ferido restabelece um pouco as forças, e percebe que não tem como permanecer ao lado de alguém que não admira. Então, ele deixa a bengala de lado e alça voo. Estava escrito, né?

***

Foto por Megan Lewis em Unsplash

Ivonete Rosa

Sou uma mulher apaixonada por tudo o que seja relacionado ao universo da literatura, poesia e psicologia. Escrevo por qualquer motivo: amor, tristeza, entusiasmo, tédio etc. A escrita é minha porta voz mais fiel.

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