Por Daniel Martins de Barros
Prosseguindo na luta contra o preconceito, abordamos hoje na coluna Ideias no Ar, da Rádio Estadão, o estigma oculto que cerca a depressão. Muito se fala sobre o preconceito contra pacientes psiquiátricos em geral, sendo particularmente bem sucedidas as campanhas contra o estigma para determinadas doenças, como o autismo, por exemplo. Menos atenção é dada ao preconceito que ainda cerca doenças como a depressão.
Embora a discriminação que sofrem as pessoas deprimidas possa ser menor, a alta prevalência da depressão torna esse assunto uma importante questão social.
O estigma e o preconceito fazem com que as pessoas deprimidas tenham menos oportunidades, demorem mais para obter tratamento, piorem de sua auto-estima, alimentando um círculo vicioso que só faz agravar o quadro.
É especialmente difícil para quem está de fora compreender a falta de vontade que essas pessoas podem demonstrar. O desinteresse em tudo – até mesmo em melhorar, que dá impressão que elas “não querem se ajudar” – é um dos sintomas mais cruéis da depressão, pois acaba justamente com a vontade dos pacientes. Não é preguiça ou má vontade: eles por vezes simplesmente não conseguem querer nada – nem melhorar.
A boa notícia é que, além de a depressão ter tratamento, o preconceito também tem. O mais eficaz são as campanhas informativas e o contato com pacientes. Quando as duas estratégias são aliadas obtém-se os melhores resultados – pessoas que interagem com pacientes deprimidos passam compreender o problema pela ótica deles, abandonando opiniões pré-concebidas.
Divulgando informações como essas podemos contribuir para o mundo ficar, literalmente, mais feliz.
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Quinn N, Knifton L, Goldie I, Van Bortel T, Dowds J, Lasalvia A, Scheerder G, Boumans J, Svab V, Lanfredi M, Wahlbeck K, & Thornicroft G (2013). Nature and impact of European anti-stigma depression programmes. Health promotion international PMID: 23349322
TEXTO ORIGINAL DE ESTADÃO
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