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O que é ser saudável para você?

Esta não parece ser uma pergunta difícil de se responder, de imediato poderíamos dizer que ser saudável é ter saúde… ok, mas como podemos definir o que é ter saúde? Para chegar no ponto em que eu quero abordar neste texto, trarei a definição da Organização Mundial de Saúde, que define saúde como: “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”.

Podemos identificar então, a saúde como o resultado de um bom funcionamento físico, mental e social. Mas então por que as noções de cuidados da saúde não acompanham esta lógica? Se olharmos para o passado, veremos que muita coisa mudou, desde a consciência da importância de cuidados com o saneamento básico e higiene pessoal, trazendo uma preocupação inicial com o corpo e com os cuidados com este corpo, tempos depois com a preocupação com a alimentação, começamos a controlar que tipos de que nutrientes o corpo precisa para se manter saudável.

Por último vemos uma preocupação em como este corpo se apresenta, uma preocupação em manter o corpo forte, jovem e disposto, que faz com que a cada dia surjam novos tipos de academias e toda a gama de tratamentos estéticos possíveis.

Ótimo, pelo visto já entendemos que precisamos cuidar do aspecto físico da saúde, mas como vimos, para ter saúde mesmo, temos que cuidar também dos aspectos mentais e sociais. E como andam os cuidados com a saúde mental? Ano passado a Organização Mundial de Saúde publicou um levantamento que revela que 23, 9% dos brasileiros têm algum transtorno de ansiedade e a depressão afeta 5,8% da população. A prevalência da Depressão na população mundial é de 4,4%, já no Brasil, 5,8% da população sofre com esse problema, que afeta um total de 11,5 milhões de brasileiros.

Este quadro acaba colaborando para outro ainda mais preocupante, o aumento nos casos de suicídios, o que no Brasil aumentou 12% em quatro anos. De acordo com o primeiro boletim epidemiológico sobre suicídio, divulgado no ano passado pelo Ministério da Saúde, segundo o relatório, em 2015 foram 11.736 notificações ante 10.490 registradas em 2011. Foi a primeira vez que o Ministério da Saúde desenvolve um boletim epidemiológico para trazer dados sobre o suicídio, assim como faz com outros casos de doenças, como dengue por exemplo.

Com um cenário preocupante como este, vemos a importância de que as pessoas compreendam que buscar saúde está para além de conquistar um corpinho bonito. Felizmente em 2018 tivemos uma adesão maior da campanha “Janeiro Branco” que que traz como tema: “quem cuida da mente, cuida da vida”, onde diversos profissionais que trabalham diretamente com a saúde mental, puderam realizar ações em todo o Brasil buscando a conscientização da importância da saúde mental. Outra ação importante ocorre no mês de setembro, que é o “Setembro Amarelo” onde existe a um trabalho de conscientização e combate ao suicídio.

Ações como estas são muito importantes e necessárias, mas a preocupação com a saúde mental precisa ser diária, precisa estar incluída em nosso discurso, da mesma forma que fazemos com os cuidados com nossa saúde física. Procurar um analista, um psicólogo, um psiquiatra, um neurologista precisa ser encarado com a mesma naturalidade como procurar a um dentista, nutricionista, cardiologista. Precisa ser percebido como um cuidado a saúde como outro qualquer, sem estigmas, tabus e preconceitos.

Mas não podemos deixar de olhar para as questões sociais que também interferem em nossa saúde, a violência por exemplo, tem feito aumentar os casos de ansiedade, medo, síndrome do pânico. Porém, em relação aos aspectos sociais temos um agravante quando vamos pensar em prevenção, são as políticas públicas que a cada dia estão sendo mais negligenciadas. Nós, enquanto profissionais “Psi”, precisamos estar sempre engajados em divulgar a importância de cuidar da saúde mental e juntos com a sociedade cobrar por segurança, por políticas públicas, por saúde… O caminho até a mudança que precisamos é longo, mas se cada um fizer a sua parte a coisa muda.

A saúde precisa ser compreendida como o resultado de um bom funcionamento físico, mental e social, As pessoas precisam compreender que não adianta estar com o corpo em dia e a cabeça parecendo um labirinto, pois quando algo não anda bem em nossa mente, é porque não anda bem em lugar nenhum. Pense nisso.

Imagem de capa: Shutterstock/Yuganov Konstantin

Adilson Filho

Psicólogo Clínico, também atua como Orientador Profissional, pós graduando em Teoria psicanalítica e práticas clínico-institucional. Criador do Blog Vivendo a Orientação Profissional. Observador do cotidiano, apaixonado por gente, músicas, livros e animais

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