Por: Marcela Pimenta Pavan

Há pouco tempo reencontrei um grande amigo, publicitário bem sucedido, chegou ao topo da carreira em 2013 quando foi eleito o diretor de criação número 1 no mundo pelo Cannes Report. Essa história do Eduardo Marques eu já conhecia, o que me surpreendeu foi quando, conversando sobre o seu sucesso, ele me disse que chegou onde está porque tem uma significativa história de fracassos, uma série de mal-entendidos, conflitos, erros e demissões.

Automaticamente comecei a refletir sobre até onde os nossos fracassos podem nos levar. Em um mundo que não há espaço para falar disso, onde muitos estão felizes nas redes sociais, compartilhando conquistas, selfies e sucessos. O fracasso é visto como algo puramente negativo, evitado ao máximo e escondido na maior parte das vezes.

Mas, fracassos são bons?

Os fracassos, embora desagradáveis, são naturais e podem ser muito úteis. Os erros fazem parte do processo de aprendizagem, não nascemos sabendo tudo. Mesmo tentando acertar erramos muitas vezes e o principal não é se erramos ou não, porque como diz o ditado errar é humano, mas sim o que fazemos com os nossos erros. Como eu lido com aquilo que saiu totalmente ao contrário do que eu gostaria?

Ter espaço para falar disso com naturalidade e refletir sobre o que saiu errado, pode nos trazer um excelente crescimento, mas, geralmente temos vergonha e buscamos esconder o fracasso até de nós mesmos. A consequência disso é que, além de desperdiçarmos uma oportunidade de mudança íntima, gastamos muita energia tentando evitar o fracasso a qualquer custo e também encontramos dificuldade em suportar as falhas do outro. Aceitar que somos falíveis nos torna mais humanos conosco e com o mundo.

O fracasso não significa desistir?

Depende. O fracasso pode significar o fim de um caminho, mas também a possibilidade de um novo. Tudo é uma questão de onde se quer chegar e a energia empregada nisso. Quando falamos de trabalho, de uma profissão que é a nossa vocação, como o caso do Eduardo, os erros passados mostram o que não é bom, o que deve ser evitado e, assim, nos aproximamos mais do caminho do sucesso. O problema é quando encaramos o fracasso como o fim da linha, e nos depreciamos por isso. Se associamos o fracasso ao fim, é natural que não queiramos aceitá-lo, mas se compreendemos que ele é parte fundamental do sucesso, a chance de um novo caminho mais bem planejado surge e os erros poderão ser vistos de forma mais natural, utilizados para enriquecer a nossa vida e possibilitar importantes conquistas.

“Muitas vezes nossos erros nos beneficiam mais do que nossos acertos. As façanhas enchem o coração de presunção perigosa; os erros obrigam o homem a recolher-se em si mesmo e devolvem-lhe aquela prudência de que os sucessos o privaram” François Fénelon

Marcela Pimenta Pavan, psicóloga clínica, CRP 05/41841.  Atendimento: Largo do Machado – R.J e pelo site acaminhodamudança Contatos: marcelapimentapavan@gmail.com Escrito por Marcela Pimenta Pavan todos os direitos reservado

Marcela Pimenta Pavan

Marcela Pavan é Psicóloga Clínica. Especialista em Família e Casal pela PUC-Rio. Experiência em questões ligadas a relacionamentos, conflitos pessoais, ansiedade, carreira, envelhecimento, entre outras. Site de atendimento online: www.acaminhodamudanca.com.br

Recent Posts

Demorou dois anos pra estrear — e bastou uma semana na Netflix pra virar sensação nacional

Com roteiro baseado em um sucesso do Wattpad e fãs esperando há tempos, Através da…

3 dias ago

Essa produção da Netflix tem menos de 90 minutos — e vai bagunçar sua cabeça por dias

Charlie Kaufman não faz filmes para assistir no piloto‑automático. Em Estou Pensando em Acabar com Tudo…

3 dias ago

Parece só mais um drama comum… até você perceber que está emocionalmente destruída no último episódio (imperdível)

Tem filmes que não precisam gritar para esmagar seu emocional. Pieces of a Woman, disponível…

3 dias ago

Estado psicológico de um time: você precisa checá-lo antes de uma aposta?

Nas apostas esportivas, o acesso a estatísticas e a interpretação de estatísticas nunca foi tão…

1 semana ago

Nova série sobre Bolaños expõe que o criador de Chaves “não era um santo”, diz diretor

Quando uma biografia televisiva chega, ela mexe em memórias afetivas e também em gavetas que…

2 semanas ago

Desviar o olhar é mentira, vergonha ou timidez? Psicólogos revelam o que isso indica

Alguns segundos de silêncio acompanhados de olhos que escapam para a lateral podem mudar o…

2 semanas ago