Quando não sabemos se amamos quem amamos.

Estamos confusos. Não sabemos se amamos quem amamos.

No início dessa estrada a gente se enamora, sente tremores, “correrias” no estômago, saudades daquelas que doem.  Estamos na “Estação Encantamento”, em que caminhar é um verbo conjugado de mãos dadas. Os beijos são demorados e frequentes. Queremos que o outro fique, embalados por esse desejo apresentamos o mundo, as músicas, os filmes e os livros, nos despimos para que o amor floresça.

Nessa travessia, vamos para outras estações, tendo como destino certo “Estação Estabilidade”. Lugar em que serão espalhadas as contas sobre os móveis da casa, planejado um filho, a casa dos sonhos, a viagem, quem sabe até a aposentadoria. Descobriremos as manias, tristes ou belas manias, o jeito de comer, sentar, dormir. Silenciosamente, saberemos quando algo está desconfortável ou prazeroso, o momento de falar ou calar, de aproximar ou afastar.

Os anos passarão lentos ou rápidos, como é comum nas Estações que levam o nome de Estabilidade. O cotidiano será lembrado pelas fotografias e pelos rituais – a viagem sonhada, o nascimento dos filhos e netos, a morte de alguém querido, o casamento daquele conhecido.

O amor mudará o tom, acompanhando o andar da vida. A trilha sonora será calma, daquelas que pedem mãos no ombro, conversas demoradas, companheirismo. Olharemos pra quem está ao lado com a impressão que esteve sempre por ali. Chegar nesse lugar pedirá lealdade, cumplicidade, carinho e cuidado. Ser cuidado é ser visto, é o beijo de bom dia, a permanência quando o outro não está bem, a parada na prateleira do supermercado lembrando dos sabores da vida do outro, ser cuidado dispensa grandes acontecimentos.

Aí, nos confundiremos, porque queremos o amor dos primeiros dias na idade atual,  montanha russa onde paira um lago de águas cristalinas, escalada onde tem conforto, paixão onde tem amor. Não saberemos o que fazer com a tranquilidade dos dias que passaram e da velhice que acenou.

Não lidamos bem com o fim anunciado sem data marcada. Morreremos. Não temos coração para ler o que representa conviver podendo ser quem somos, com todas as nossas qualidades e defeitos. Abandonaremos o amor porque não sabemos simplesmente amar. Queremos mais porque pensamos que ele é mais.

Teresa Vera de Sousa Gouvea- Psicóloga

http://www.lacoselutos.com.br

https://www.facebook.com/lacoselutos

Teresa Gouvea

Psicóloga Clinica Especialista em Família pela PUC SP, especialista em Luto pelo 4 Estações Instituto de Psicologia SP.

Recent Posts

Tendências e desafios para bancos no Brasil

Lidar com a inovação tecnológica, regulação e gestão de riscos fazem parte da agenda diária…

18 horas ago

Dicas para escolher fragrâncias que combinam com sua personalidade

Saiba como montar uma perfumaria alinhada ao seu estilo pessoal, compreendendo as famílias olfativas, escolhando…

5 dias ago

Para que serve o furinho na colher de espaguete?

Ele parece um detalhe sem importância, mas o pequeno buraco no meio da colher de…

5 dias ago

Você sabe o que ela ganha? Comissária de Dubai abre salário e benefícios inacreditáveis de companhia aérea

Comissária de bordo viraliza mostrando salário real e benefícios de luxo em companhia de Dubai…

5 dias ago

“Eu odiava feministas — até entender por quê”: a reviravolta de Cíntia Chagas emociona e divide opiniões

Antifeminista arrependida? Cíntia Chagas explica o que a fez repensar tudo sobre o movimento

5 dias ago

Procuro psicóloga com experiência e preço justo em Socorro e região: Josie Conti

Com atuação nacional e internacional e mais de 20 anos de experiência, Josie Conti, psicóloga…

6 dias ago