Lugar onde mora o aconchego, a paciência, as melhores estórias, a  liberdade de poder fazer o que quiser sem ser julgado, a casa dos avós costuma ser uma das melhores lembranças da infância. Quem não se lembra de ir à casa da vovó e poder comer chocolate à vontade? Ou de ter aprontado alguma, e o vovô ter sido cúmplice? É por essas e por outras circunstâncias que a relação dos avós com os netos é uma das mais especiais e envolve tanta cumplicidade.

Essa convivência é mutuamente enriquecedora; a criança aprende a conviver em um ambiente diferente, com regras distintas e pessoas diferentes, e os avós, ao estarem na companhia dos netos, renovam-se e sentem-se mais jovens. Ao conviverem com pessoas de pouca idade e se sentirem úteis de alguma forma, os avós se mantem fisicamente ativos, melhoram a qualidade de vida e ficam mais atentos à saúde para acompanharem a criação de seus netos.

Outro importante ponto desta convivência é que, para as crianças menores, os avós podem representar uma ponte com o mundo externo. Ao visitar seus avós, a criança descobre que fora de sua casa também pode ser seguro e agradável. Já crianças maiores conseguem compreender que seus pais são filhos de outras pessoas, vendo como os relacionamentos se alteram com o decorrer do tempo e desenvolvem com isso, um melhor conhecimento de si mesmas.

Assim como outros papéis assumidos, tornar-se avô representa uma grande oportunidade de crescimento e mudança, e para as crianças significa poder conviver com as suas raízes familiares, já que muitos dos valores e memórias da família são transmitidos pelos avós. Muitos avós são fonte de importantes cuidados para os pequenos, alguns levam e buscam os netos na escola, outros cuidam durante a noite para que os pais possam sair ou ficam meio período com as crianças, para que a mãe possa trabalhar. Principalmente nos dias de hoje, em que os pais têm uma rotina atribulada, a proximidade  se torna ainda mais benéfica e necessária.

Há ainda os que moram na mesma casa que os netos. Nesse caso, os avós precisam compreender que, apesar de participarem da educação da criança, não podem interferir quando o pai está dando uma bronca no filho, por exemplo. Apesar de não ser fácil, é preciso estabelecer um limite entre autoridade dos pais e dos avós para que a própria criança não confunda os papéis. O segredo está em muito diálogo. Como estão todos na mesma casa, é preciso que as regras sejam únicas e respeitadas por todos.

Estudos apontam que crianças que tiveram os avós por perto durante o seu desenvolvimento cresceram mais felizes. Particularmente, penso que nada se compara à convivência com os avós, pois se trata de uma relação leve, que faz a gente se sentir plenamente amado, seguro e confiante. E mesmo com as frustrações naturais da vida, tudo sempre fica bem quando temos aquele delicioso bolo de cenoura com calda de chocolate da vovó e o abraço apertado do vovô.

Avós dão presentes, fazem coisas não programadas, levam para passear, (quase) nunca se zangam. Deixam lambuzar de sorvete, não têm a menor pretensão pedagógica. São guardiões dos “causos” de família, os confidentes das horas de ressentimento, o último recurso dos momentos de opressão, os aliados das crises de rebeldia. O melhor colo do mundo, o melhor papo do mundo. Os melhores personagens da infância, a fonte de paz na vida adulta, e sem dúvida, a eterna saudade.

Imagem de capa: Shutterstock/Monkey Business Images

Thaisa Fér Scandiuzzi

“Psicóloga formada pela Universidade do Triângulo Mineiro (UFTM), Mestre em Ciências pela USP. Atualmente atua na área clínica em Ribeirão Preto- SP atendendo adultos.

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