Se tem um órgão que acusa rápido a vida de sofá, é o coração. A boa notícia é que, pelo menos até certa faixa etária, dá para “desfazer o estrago” com treino bem feito — e não estamos falando de caminhadinha duas vezes por semana.
Um estudo conduzido pelo cardiologista Benjamin Levine e sua equipe mostrou que um programa de exercícios estruturados, seguido por dois anos, conseguiu devolver características de coração jovem a pessoas de meia-idade que estavam sedentárias há anos.
O trabalho avaliou adultos entre 45 e 64 anos, saudáveis, mas com histórico de vida parada. Todos apresentavam sinais típicos de envelhecimento cardíaco: o ventrículo esquerdo — principal câmara de bombeamento — estava mais rígido, enchendo com dificuldade entre uma batida e outra.

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Isso aumenta o risco de insuficiência cardíaca e outros problemas ao longo do tempo. O grupo foi dividido: parte recebeu apenas orientações de alongamento e atividade leve, e outra parte entrou em um esquema de treino sério, supervisionado, por 24 meses.
O protocolo “puxado” combinava treino aeróbico intervalado (aquelas sessões em que você alterna momentos bem intensos com fases de recuperação), dias de cardio em intensidade moderada e musculação/resistência pelo menos duas vezes na semana.
Havia ainda um dia de exercício mais longo, em ritmo sustentado, para trabalhar resistência cardiovascular. Ou seja: programação pensada, progressão de carga e compromisso real — não era só “mexer o corpo”, era treino com objetivo.
Depois de dois anos, as medições mostraram mudanças bem claras no grupo que treinou de verdade.

O ventrículo esquerdo ficou mais complacente, ou seja, voltou a se expandir e encher com mais facilidade; a função diastólica melhorou, e a capacidade de o coração acomodar o sangue entre os batimentos se aproximou do padrão visto em pessoas muito mais jovens.
Em termos práticos, é como se um coração de alguém por volta dos 50 anos ganhasse características funcionais parecidas com as de um coração em torno dos 20.
Já no grupo que só ficou com atividade leve, quase nada mudou: o músculo cardíaco continuou rígido e “envelhecido”.
Um ponto importante que os autores reforçam é o timing: esse “rejuvenescimento” foi observado em pessoas de meia-idade, ainda em uma faixa em que o coração, apesar de castigado pelo sedentarismo, mantém certa capacidade de adaptação.

Em idades mais avançadas, quando a rigidez cardíaca está muito instalada, o ganho tende a ser menor.
Por outro lado, o recado é direto para quem vive naquela zona de conforto dos 40 e poucos, 50 anos: dá tempo de virar o jogo, desde que o treino seja estruturado, regular e com intensidade que tire o corpo da inércia.
O estudo também joga uma ducha de realidade sobre a ideia de que “qualquer coisinha já ajuda”.

Caminhar é ótimo para começar e tem seu valor, mas os resultados mais impactantes vieram de um programa que combinou musculação e cardio em diferentes intensidades, respeitando descanso, adaptação e constância.
Na prática, o que rejuvenesceu o coração desses participantes não foi um truque milagroso, e sim dois anos de treino levado a sério.
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