Esse filme da Netflix é um retrato cru de um colapso emocional que a TV raramente mostra (e a atuação de Vanessa Kirby é incrível!)

Tem filme que tenta “explicar” a dor com diálogos bem encaixados, trilha chorosa e cortes que já vêm com a emoção pronta.

Pieces of a Woman faz o caminho oposto: ele te coloca dentro de um momento-limite, sem música te guiando pela mão, e depois acompanha o que vem a seguir — aquele período em que todo mundo ao redor quer uma resposta simples, mas a pessoa que sofreu nem consegue organizar a própria respiração direito.

É por isso que ele acerta onde muita TV escorrega: não transforma luto em cena bonita; mostra o atrito, o silêncio e as reações tortas.

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Dirigido por Kornél Mundruczó e escrito por Kata Wéber (os dois adaptando a própria peça), o filme acompanha Martha (Vanessa Kirby) e Sean (Shia LaBeouf) depois de um parto domiciliar que termina em tragédia e puxa um rastro de culpa, cobrança familiar e um processo contra a parteira (Molly Parker).

No meio disso, a mãe de Martha (Ellen Burstyn) vira uma força gravitacional: ela quer controle, quer culpados, quer “resolução” — e o filme observa como esse tipo de pressão também machuca.

O cartão de visita é a sequência inicial: um longo plano-sequência de cerca de meia hora acompanhando o parto, com uma sensação quase documental, porque a câmera não “alivia” e não oferece respiro fácil.

Tecnicamente é impressionante, mas o ponto não é mostrar virtuosismo — é te deixar entender, no corpo, por que aquele acontecimento vai desorganizar tudo depois.

E aí entra a Vanessa Kirby. Ela não interpreta a dor como explosão constante.

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O que ela faz é mais incômodo (e mais real): uma pessoa funcionando por fora e desmontando por dentro, com micro-reações, afastamentos, escolhas ruins, raiva sem discurso e um tipo de autocontenção que vira outro jeito de gritar. Não é à toa que ela saiu de Veneza com a Coppa Volpi de Melhor Atriz e virou nome forte na temporada de prêmios.

Quando o filme vai para o tribunal, ele abre outra camada: o luto vira “caso”, vira narrativa disputada, vira munição para gente com interesses diferentes (família, advogado, mídia, relação).

E é aqui que a história fica especialmente desconfortável, porque ninguém lida com a perda do mesmo jeito — e o roteiro não finge que existe um manual emocional universal.

Pra quem gosta de ficha técnica: Pieces of a Woman é uma coprodução EUA/Canadá/Hungria, tem 128 minutos, música do Howard Shore, estreou em Veneza em 2020 e chegou ao catálogo da Netflix em 7 de janeiro de 2021.

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