A psicanálise dos pobres enriquece muita gente

Por Marcelo Ferlin, no Medium

Tenho amigos da psicologia e amigos que precisam de psicologia.Tenho amigos da psicologia e amigos que precisam de psicologia.

Conversando com a parte dos amigos que fazem psicanálise e com a parte que pratica psicanálise, descobri uma daquelas gambiarras que muita gente faz e não percebe, que é ver séries no Netflix.

Pacientes me contam e analistas sabem ou desconfiam que o esforço da psicanálise de colocar a vida numa estrutura de narrativa costuma produzir uma catarse de baixa voltagem, quando produz.

Há gente que mesmo quando a sessão foi um vale de lágrimas do começo ao fim me diz que não foi grande coisa, e não em negação.

Então, uma forma de baratear os custos da psicanálise é pelo mergulho em seriados. Seja baixando, pirateando, vendo na rede naqueles sites piratas ou em serviços de streaming como o Netflix. Sei que gente que faz análise sob outras linhas e mesmo gente que não faz análise têm esse mesmo hábito e com o mesmo fim, complementar a catarse ou obter algum tipo de catarse vendo seriados.

Eu mesmo choro em trailer de filmes, mesmo quando ver o filme, de ponta a ponta, não me provoque a mesma emoção.

Alguém pode pensar que um filme como As horas ou algum drama cheio de densidades seria eficiente, ainda mais se pensar em lágrimas e na vontade de chorar, mas acho que seriados são mais procurados por causa da repetição.
A repetição de cenas, personagens e situações nos seriados espelha as repetições do cotidiano, com familiares, amigos e colegas.

E com isso muita gente ganha dinheiro.
Mas vai uma crítica nessa percepção.
A TV acabou copiando de Hollywood uma das piores manias, que é enfiar psicanálise em tudo.

Até na hora que o personagem vai tomar café naquelas cafeterias de americano há drama e reverberações psicológicas e uma sensibilidade psicanalítica que tenta integrar a vida numa construção coesa.

O povo do ZAZ percebeu isso no início dos anos 80, com filmes como Airplane e Top Secret, e não parou de denunciar como era ridículo. O cacoete maior eram os personagens com traumas e trauma que eram mostrados com flashbacks.

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