Na segunda-feira, 6 de outubro, o meio-campista Everton Ribeiro passou por cirurgia para tratar um câncer de tireoide e contou aos seguidores que o diagnóstico veio cerca de um mês antes. A notícia colocou em evidência uma dúvida comum: quão grave é esse tipo de tumor e como é feito o cuidado clínico depois da confirmação?
A tireoide é uma glândula pequena, na base do pescoço, responsável por liberar hormônios que regulam o metabolismo — eles influenciam a frequência do coração, a temperatura corporal e a velocidade com que o organismo utiliza energia. O câncer aparece quando mutações genéticas fazem algumas células se multiplicarem sem controle, formando um nódulo ou lesão.
Existem subtipos diferentes, com comportamentos e prognósticos próprios. O carcinoma papilífero é o mais comum, responde por cerca de 80% dos casos e costuma evoluir devagar, com bom desfecho quando tratado. O carcinoma folicular, segundo mais frequente, também tende a crescer lentamente, mas tem maior chance de disseminação do que o papilífero.
O carcinoma medular corresponde a uma parcela menor (aprox. 4%) e pode ter origem hereditária. O anaplásico é raro e agressivo, com crescimento rápido e baixa resposta às terapias usuais. Há ainda o linfoma de tireoide, forma incomum que nasce de células do sistema imune presentes na glândula. Everton não informou qual subtipo enfrenta.
O atleta, 36 anos, publicou uma mensagem de agradecimento e tranquilizou os fãs, dizendo que segue em recuperação e confia no apoio da família e do público. O tom foi de esperança, comum entre pacientes que recebem o diagnóstico de tumores potencialmente tratáveis quando descobertos a tempo.
Em termos de frequência, dados do INCA/Ministério da Saúde apontam que o câncer de tireoide é mais prevalente em mulheres e figura entre os tumores mais diagnosticados no público feminino em regiões como Sudeste e Nordeste (sem contar pele não melanoma). Histórico familiar pesa na conta, assim como exposição à radiação, tabagismo e dieta com pouco iodo — nutriente presente em frutos do mar e adicionado ao sal de cozinha no Brasil.
O início pode passar despercebido. Muitos casos são assintomáticos nas fases iniciais e surgem em exames de rotina. Quando há sinais, médicos do Hospital Israelita Albert Einstein lembram de alguns alertas: nódulo ou inchaço no pescoço percebido ao toque ou em exames de imagem; dor que pode irradiar para a orelha; rouquidão persistente; dificuldade para engolir; falta de ar ou ruído ao respirar; e tosse que não se explica por resfriados.
O diagnóstico começa no consultório, com a palpação do pescoço e avaliação clínica, e pode avançar para ultrassom, exames de imagem mais complexos (como ressonância) e a biópsia por punção, que define o tipo de célula e orienta o plano terapêutico.
O tratamento varia conforme subtipo, estágio e condição geral do paciente. A base costuma ser cirúrgica — lobectomia (retirada de parte da glândula) ou tireoidectomia total. Em tumores que captam iodo, utiliza-se iodo radioativo para eliminar tecido tireoidiano remanescente.
A terapia hormonal com levotiroxina repõe hormônios e suprime o TSH, reduzindo estímulo à glândula. Em cenários específicos, entram radioterapia, quimioterapia (menos comum) e terapias-alvo com TKIs, indicadas para doença avançada, metastática ou refratária ao iodo.
A pergunta “é grave?” depende do tipo e da fase do tumor. De modo geral, papilífero e folicular tendem a ter excelente prognóstico quando diagnosticados precocemente e tratados de forma adequada. Subtipos raros e agressivos, como o anaplásico, exigem respostas rápidas e abordagens combinadas.
Para quem acompanha o caso de Everton Ribeiro, a mensagem prática é clara: atenção aos sinais, consulta médica em dia e adesão ao tratamento definem o caminho.
A recuperação cirúrgica, a depender do subtipo e do protocolo indicado, costuma incluir acompanhamento regular, ajustes de hormônio tireoidiano e, quando necessário, terapias complementares sob orientação especializada.
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