Como lidar com situações de estresse no esporte

Competir entre os melhores, independente da modalidade, sempre é algo que vem com muitos desafios. Por mais que na maioria dos casos a recompensa financeira seja boa, os atletas que buscam chegar ao topo precisam ultrapassar inúmeras barreiras e lidar com diversas situações de estresse que podem afetar seu desempenho.

É nessa realidade que algumas áreas da saúde ganharam destaque no esporte, como o uso da psicologia em determinadas modalidades. Além de ser uma parte importante no desempenho do atleta, lidar com situações de estresse demanda cuidado e atenção pois é algo que pode afetar outros aspectos da vida fora do campo de atuação profissional.

“A pressão ou o estresse em si podem afetar nós, atletas, em diferentes maneiras. E a chave para os atletas aprenderem a lidar com isso é usar a pressão ao seu favor para melhorar a performance”, diz Craig Pickering, ex-atleta olímpico.

É fundamental reduzir fontes externas de estresse

O estresse esportivo não é só algo que o atleta sente na hora da competição, ou seja, sentir uma pressão adicional aos 45 minutos do segundo tempo pode ser apenas uma fatia do estresse acumulado na mente do atleta.

Pickering, que correu nas Olimpíadas de 2008 representando a Grã-Bretanha, afirma que o estresse externo pode chegar de diferentes frentes, que incluem os treinadores, a imprensa e até mesmo amigos.

O mesmo pensamento é compartilhado por Leandro Atoji, professor de educação física formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Uma coisa importante de ser lembrada é que muitas vezes o estresse não vem só da competição, ele pode vir do meio extrínseco, como problemas dentro de casa, briga no trânsito, noite mal dormida, má alimentação e etc”, afirma o profissional.

Em caso de estresse externo, é fundamental conversar com pessoas próximas sobre isso, no sentido de tentar canalizar aquele problema para que não afete na hora da atuação.

“O atleta também precisa se policiar da sua relação com a imprensa, pois isso pode gerar muita pressão. Coisas básicas como conversar com um repórter antes de um grande evento podem influenciar negativamente. O foco não precisa ser desviado”, aponta Pickering.

As redes sociais, por mais que sejam fundamentais nos dias atuais para aumentar o status midiático do jogador, podem atrapalhar na preparação e, consequentemente, no jogo.

LeBron James, por exemplo, costuma se afastar um pouco das redes sociais durante os playoffs da NBA como forma de tentar não desviar o foco. Na última temporada, o então jogador do Cleveland Cavaliers fez questão de não utilizar Twitter e afins.

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Essas redes realmente podem amplificar as cobranças e contribuir para aumentar a ansiedade. Para solucionar isso, o astro recomenda a outros atletas que, caso elas estejam incomodando, o certo a se fazer é simplesmente sair. “Se você é parte disso e isso te incomoda, então provavelmente você deve simplesmente deletar as redes sociais do seu telefone”, completou.

Reconhecer quando está sob estresse

Sintomas como batimento cardíaco acelerado, “frio na barriga” e coisas do tipo podem indicar uma pressão extra. “Como reconhecemos isso? Principalmente passando por situações de estresse e aprendendo a lidar com elas”, explica Pickering.

Portanto, após reconhecer o estresse, é importante utilizar algumas técnicas para tentar amenizar o problema. Para o famoso medalhista olímpico Michael Phelps, simples táticas como respirar mais fundo, relaxar os músculos e concentrar nos passos seguintes são fundamentais para diminuir a sensação de pressão.

Use o esporte como aliado no combate ao estresse

Utilizar o esporte como forma de lazer é uma ótima alternativa para diminuir o estresse e diversos atletas costumam praticar outras modalidades como forma de aliviar a pressão da rotina.

Além de prazeroso, o jogo de poker é uma alternativa interessante que ganhou popularidade entre atletas de várias modalidades. O esporte proporciona ótimas oportunidades para que seus praticantes aprendam a lidar melhor com a pressão e ensina o competidor de qualquer área a ter paciência, valorizar suas decisões e desenvolver a parte emocional.

Jogadores de futebol como Moisés (Palmeiras) e Michel Bastos (Sport) inclusive já demostraram que é possível praticar o poker em alto nível mesmo sendo atleta profissional de outra área. “O poker é muito bom para clarear a mente, ensinar novas coisas e fazer amizades”, aponta Bastos.

O basquete é outra atividade muito utilizada por jogadores de outros esportes que enxergam na bola laranja uma boa saída para diversão. Um exemplo disso é Nick Kyrgios, esportista que atualmente figura entre os 20 melhores do mundo no tênis.

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“Adoro basquete, o som da bola, a quadra e o ambiente”, afirmou uma vez o australiano. No ano passado, antes de uma partida no Canadá, o jovem tenista praticou basquete como forma de aquecimento para o jogo. “Quando estou jogando basquete, eu não penso sobre nada além daquilo. Eu sempre quero ficar na quadra o dia todo”, completou.

O treino é valioso para se acostumar com certas situações

Como Pickering bem aponta, o atleta se habitua com o estresse no jogo quando passa por situações de pressão. Uma das melhores formas de se aclimatar a isso é emulando certos momentos críticos no treinamento.

No basquete, por exemplo, um jogador pode treinar situações em que ele precisa encarar a defesa e fazer a cesta da vitória com apenas alguns segundos restantes no relógio. Nesse mesmo esporte, bater lances livres após um treinamento intenso também é uma maneira interessante de se acostumar com a pressão.

“Nos treinamentos, a pressão precisa ser adicionada no momento certo. Pense numa determinada técnica como uma escada. No primeiro passo, você aprende a técnica corretamente, sem pressão. A partir do momento que você vai subindo a escada, você adiciona intensidade e pressão”, completa Pickering.

Não subvalorize o estresse

Os atletas que sabem utilizar o estresse e a pressão de uma determinada situação para melhorar a performance são aquelas que se sobressaem.

Todo competidor de alto nível vai enfrentar situações delicadas e que exigem a mínima margem de erro. A questão é estar preparado para esses momentos, crescer a partir disso e entender que há certas técnicas e saídas para minimizar os efeitos do estresse no desempenho do atleta.

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