O caso ganhou fôlego quando uma morte por suspeita de envenenamento no Rio puxou o fio de outras três, em São Paulo. Ana Paula Veloso Fernandes, 35, estudante de Direito, está presa preventivamente desde 4 de setembro, acusada pela polícia de quatro homicídios por envenenamento em Duque de Caxias (RJ), São Paulo (capital) e Guarulhos (SP). A defesa ainda não apresentou versão pública detalhada, e a investigação segue em andamento.
A apuração começou a avançar após a prisão de Michelle Paiva da Silva, 43, suspeita de matar o pai, Neil Corrêa da Silva, 65, no Engenho Novo (RJ). Segundo a Polícia Civil, Michelle teria contado com ajuda de Ana Paula, sua colega de faculdade. A partir desse ponto, delegacias do Rio e de São Paulo cruzaram dados e ampliaram o escopo do inquérito.
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Em Guarulhos, a investigação reabriu um caso dado como indeterminado. Marcelo, 51, proprietário do imóvel nos fundos do qual Ana Paula morava com a irmã Roberta, foi encontrado morto em 31 de janeiro, em Vila Renata. A própria Ana Paula chamou a PM e acompanhou o trabalho no local.
O inquérito foi arquivado em 5 de maio, mas a filha de Marcelo, Giuliana Santana Fonseca, pediu o desarquivamento em 26 de maio, alegando que a área teria sido limpa. Retomada a apuração, Ana Paula confessou o homicídio em depoimento no 1º DP de Guarulhos, segundo a polícia.
Ainda em Guarulhos, a polícia relaciona a morte de Maria Aparecida (11 de abril) ao mesmo padrão. Sem sinais de violência, o caso parecia natural. A filha, Thayná Rodrigues Felipe, 24, relatou que a mãe saiu na noite anterior com Ana Paula, que se apresentava como “Carla”.
As duas teriam ido à casa da universitária, onde Maria Aparecida tomou café e comeu bolo; Roberta estava presente. Na manhã seguinte, a vítima foi encontrada sem vida pela tia de Thayná; no local, Ana Paula admitiu ter estado com ela na noite anterior.
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No Rio, a morte de Neil Corrêa, 65, em 26 de abril (Duque de Caxias), levou à prisão de Michelle e embasou novas diligências. Relatório policial cita mensagens e áudios extraídos de celulares que indicariam planejamento, divisão de tarefas e uso de “código” para se referir aos crimes: “TCC”.
Em trechos atribuídos à dupla, Roberta orientaria cobrança por futuros “TCCs”, fixando R$ 4 mil como “valor mínimo”, e recomendaria pagamento em espécie para dissimular rastros. Em áudio à irmã, Ana Paula diz ter dado “comida batida no feijão” a Neil e afirma que “não conseguiu fazer o TCC como planejado”. A polícia exumou o corpo de Neil para exames que avaliem envenenamento.
Em São Paulo (Brás), a investigação atribui a Ana Paula a morte do tunisiano Hayder, 21, em 23 de maio. Ele passou mal no condomínio onde morava; Samu foi acionado e o jovem foi levado ao hospital, acompanhado do irmão Hazem. Ana Paula admitiu relacionamento com Hayder e estava no local quando o quadro começou.
A polícia colheu depoimentos de amigos que negam a gravidez que Ana Paula dizia ter do rapaz. O relatório menciona que ela enviou vídeo de UTI à irmã em tempo real e, minutos após a confirmação do óbito, as duas retomaram conversas banais, o que, segundo os investigadores, indicaria frieza.
Dias depois, simulou gestação em foto enviada à família do jovem e mandou mensagens em árabe com teor ofensivo/ameaçador, buscando vantagens. Não houve confissão nesse caso, e o corpo foi levado à Tunísia, sem perícia final no Brasil.
A polícia paulistana sustenta que os quatro episódios têm padrões comuns: aproximação rápida com as vítimas, ingestão de alimentos ou bebidas em contexto doméstico, presença de Roberta em momentos-chave e registros digitais que sugerem planejamento, execução e tentativa de lucro. Paralelamente, os autos destacam o uso de identidades diferentes por Ana Paula e o emprego de termos cifrados nas conversas internas.
Com a prisão preventiva decretada em São Paulo e diligências em curso no Rio, os inquéritos reúnem laudos, quebras de sigilo e reconstituições de rotas para sustentar a acusação de envenenamento em série.
As defesas de Ana Paula, Roberta e Michelle poderão se manifestar ao longo do processo, que ainda aguarda novos exames toxicológicos e eventuais denúncias formais do Ministério Público.
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