Quando a prisão de uma influenciadora cai nas redes, quase sempre vem acompanhada de desdobramentos fora da tela. Em Ribeirão Preto (SP), o episódio levou a Prefeitura a abrir processo administrativo disciplinar (PAD) contra a professora da rede municipal Aline Bardy Dutra, conhecida como “Esquerdogata”, por suspeita de irregularidade em mais de 100 atestados médicos apresentados para justificar ausências no trabalho.
O anúncio foi feito pelo prefeito Ricardo Silva (PSD) em coletiva. Segundo ele, o histórico funcional aponta acúmulo de faltas ao longo dos anos, parte delas sem justificativa, e uma quantidade elevada de atestados entregues quando a servidora já era efetiva.
A orientação do governo municipal é auditar cada documento, checar conteúdo, assinatura, carimbo, data e responsável técnico, além de cruzar períodos de afastamento com outras informações administrativas.

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O PAD deve correr por 60 a 90 dias. O rito inclui fase de instrução, defesa e relatório final, com possibilidade de advertência, suspensão ou demissão, a depender do que for comprovado.
Em paralelo, a Câmara Municipal enviou ofício pedindo a exoneração da servidora, iniciativa capitaneada pelo presidente do Legislativo, Isaac Antunes (PL), que listou condutas consideradas incompatíveis com a função pública.
A abertura da apuração ganhou impulso após a prisão de Aline no último sábado (25) por desacato, resistência e injúria racial, durante uma blitz de trânsito.

Em vídeos que circulam na internet, ela aparece discutindo com policiais, aparentemente alcoolizada, e faz menções ofensivas a remuneração e escolaridade dos agentes. O caso foi registrado na delegacia e segue no campo criminal, independente do processo administrativo.
A defesa da influenciadora nega qualquer fraude em atestados. Em nota, afirma que os documentos refletem tratamentos relacionados a alcoolismo e transtorno bipolar, e critica autoridades por “colocarem em dúvida problemas de saúde” durante crise pessoal.

Os advogados dizem que Aline “estará pronta para responder” caso o PAD avance, exercendo o direito de defesa, e pedem que o debate não seja usado para entretenimento ou capital político.
No campo político-partidário, o PT de Ribeirão Preto informou que avalia desfiliação da militante — filiada há três anos e meio —, tema que deve ser discutido em reunião interna.
A sigla local declarou discordar das falas da influenciadora e aguarda os trâmites partidários. A defesa de Aline diz não ter sido notificada sobre eventual processo de expulsão e confia em ampla defesa caso a medida seja aberta.
Personagem online de presença constante, “Esquerdogata” soma cerca de 880 mil seguidores no Instagram e se apresenta como “comunicadora popular”.
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Em setembro, ganhou repercussão ao publicar vídeos diante da casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, vestindo camisa da Seleção e usando expressões que geraram controvérsia. Em outra postagem, tentou enquadrar a frase polêmica como figura de linguagem, negando desejo de morte ao ex-chefe do Executivo.
Voltando ao processo administrativo: a Prefeitura sustenta que a checagem abrangerá autenticidade dos atestados, compatibilidade de CID (quando houver), cronologia de entregas e eventuais vínculos com atividades externas no período de afastamento.
Já os advogados pedem que a análise respeite sigilo médico, contexto clínico e dignidade da servidora. O desfecho administrativo, quando vier, não interfere automaticamente no processo penal — e vice-versa —, mas um conjunto de decisões poderá redefinir o futuro funcional e jurídico da influenciadora.
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