Essa produção da Netflix tem menos de 90 minutos — e vai bagunçar sua cabeça por dias

Charlie Kaufman não faz filmes para assistir no piloto‑automático. Em Estou Pensando em Acabar com Tudo (2020), ele condensa 89 minutos de estranheza elegante, ruídos psicológicos e diálogos que soam normais até você notar que nada bate. Parece curto para tanto assunto, mas o resultado deixa a mente fritando muito depois dos créditos.

O ponto de partida engana: uma jovem (Jessie Buckley) pega estrada nevada com o namorado Jake (Jesse Plemons) para conhecer os sogros. A viagem é longa e cheia de silêncios esquisitos.

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Quando finalmente chegam à fazenda, a casa parece congelada no tempo — e os pais (Toni Collette e David Thewlis) trocam de idade entre uma cena e outra. Se o relógio marca 20 minutos de filme, a sanidade do espectador já balança.

Kaufman adapta o romance homônimo de Iain Reid, mas troca parte da trama por dispositivos visuais.

Quadros se repetem em ângulos diferentes, diálogos retornam com mínimas alterações e pequenos detalhes — um casaco, um quadro na parede, uma cicatriz — mudam sem qualquer alarde. O diretor quer que você se perca, e consegue.

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A fotografia gelada de Łukasz Żal reforça a sensação de confinamento. Dentro do carro, a câmera fecha no rosto dos personagens, quase sufocando; na fazenda, corredores alongados lembram sonhos em que nunca se alcança a porta.

O design de som preenche com sussurros de vento e rangidos, sugerindo que algo está roendo as paredes, talvez por dentro da cabeça de Jake.

Jessie Buckley segura a narrativa com expressões que oscilam entre leve desconforto e puro pavor contido.

Ela narra pensamentos em primeira pessoa, mas até isso vira suspeito: as dúvidas dela podem ser reflexo de outra mente. Jesse Plemons, por sua vez, equilibra timidez doce e surtos de irritação, sugerindo que Jake guarda mais segredo do que quer admitir.

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Curioso notar como 94 minutos parecem três horas e meia quando a lógica quebra a cada linha de diálogo. Ainda assim, a edição mantém ritmo firme, alternando a tensão da fazenda com cenas de um zelador solitário num colégio — conexão que só faz sentido nos minutos finais, e olhe lá.

Terminada a sessão, a vontade imediata é correr para fóruns em busca de teorias, depois apertar play outra vez para caçar pistas escondidas.

Assistir uma única vez raramente resolve. Considerando a duração enxuta, vale o replay — mesmo que isso signifique mais dias com a cabeça em looping.

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